Carolina Cordeiro, 34 anos, Ponta Delgada, São Miguel,
Açores +
30/06/13
O salto
Saltar é a melhor solução! Pensava ele, enquanto a mulher
sorria sorrateiramente. Sobre o som mudo dos santos, sabia que seria rei. Podia
ser que aquele mundano sentimento não precisasse de mais sol. Mata-o e serás
solto! Que rico pesar, pensou. Não seria a pior solução; seria apenas a mais
prudente. Saltar e soltá-lo, por entre os muros daquela sala, seria como
renovar o sentimento, da pior maneira possível. Não poderia permitir-se
sentir-se preso mais uma vez.
Coração aventureiro
Naquele momento, na praia,
debaixo de um sol radioso, sonhava…
Como seria maravilhoso partir
mar dentro, qual marinheiro de seiscentos, à procura de outros mares, outras
paragens, outras pessoas.
Talvez até surgissem monstros
marinhos, piratas temíveis ou sereias manhosas, mas tudo seria melhor do que
aquela mediocridade.
Precisava de mudar a
monotonia, preencher os momentos sombrios, resolver aquela solidão.
Sentou-se no penedo mais próximo,
respirou a maresia e releu o seu romance preferido “Piratas”.
Sentiu-se em paz.
Palmira Martins,
57 anos, V. N. de Gaia
Partir para o mar
Depois de passear
muito por Paraty, percorrer roças, saborear risoto de pitanga e robalo com
manteiga, o maestro rondou os pontos de paragem dos profissionais da música e
meteu-se na roda de samba.
De regresso à pousada, preparou as
malas, pegou na sanfona e rumou para o porto.
O mestre preparava o saveiro, que
por um mês seria a morada de Marcelo.
Quando partiu para o mar, sentia-se
verdadeiramente rijo por perambular por rotas perigosas completamente sozinho.
Quita Miguel, 53 anos,
Cascais
Sonho
Sonho.
Seria sonho ou realidade?
Parecia...
Puro sabor, puro prazer
Manuel sonhava... que
maravilha!
Um sonho que só ele podia
sonhar...
Mundo maravilhoso, muito
misterioso...
Só ele sabia o que pensar.
Pular, saltar, mirar o mar
De muitos reflexos...
O pequeno Mário e a menina
Maria
Pulavam com ele...
Mas ele saltava... em sonho!
E, ao primeiro raiar do Sol
reluzente,
Manuel separa-se dele,
sabendo sempre que posteriormente
Saltará e para sempre pulará
no
Mundo dos Miúdos!
Rickyoescritor,
11 anos, Pedroso, VNG
Marcar o mal
Num
rastejante período, passei por uma pessoa que planejava marcar o mal no mundo
todo e nada lhe saciava, afinal.
Mandona e
sedutora, sem pensar no ritmo pessoal e social de cada semelhante, pregava seu
rastro 'sobrenatural' e raivoso em todos que lhe permitiam...
Não
possibilitava raciocínio e logo logo punha a sua miraculosa maneira de seduzir.
Pirateava a
todos, no pormenor que rastejassem sobre si.
Pobre
miserável, se prostrou por mentir!
O mal não
prevalece jamais...
Rosélia Bezerra, 59 anos, Brasil
Acaba de publicar um livro, seja aqui
Que pintor!
Roberta
pediu ao pintor que pintasse a parede e ainda sua porta.
O pintor
molhou o pincel, sacudindo pingos pela sala.
Até a
maçaneta da porta, simples, mas moderna, restou toda respingada.
Roberta
perguntou ao pintor se podia ser mais responsável.
Poderoso se
sentia ele com o pincel. Mas pouca ou rara pintura mostrava satisfatória.
Roberta
raivosa pegou o material e deu um pontapé porta afora no pintor.
Ruminava de
raiva, o pintor porco.
Mas,
Roberta, ria.
Chica, Porto
Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Desafio nº 46
– substantivos, adjectivos e verbos começando por P, M, S ou R
29/06/13
Desafio nº 46
Estamos há muito tempo sem quebra-cabeças com letras, não é
verdade?
Inventei aqui um que vos vai dar algum trabalho (trabalho
divertido, claro, de pôr a língua ao canto da boca e avançar).
Que me dizem de escrever uma história em 77 palavras em que todos os verbos, substantivos e
adjectivos comecem por P, M, S
ou R?
Não é difícil, não, eu já experimentei, ficou assim:
Preparara-se para sofrer, pensou, e agora restava-lhe isso
mesmo, sofrer. Pensara que, matando as saudades com persistência, elas saíssem
da sua mente, mas não. Ali permaneciam, pontuais, relembrando os momentos
passados perto do sossego pateta dos sonhos realizados, mas sem proveito.
Agora, sabia que, revolvendo mágoas e resistindo aos recuos, só poderia sofrer.
Pessoa por metade, sentia-se assim. E só parou quando, reabrindo o peito ao
sorriso, sentiu-se pertencendo ao mar. Partiu em paz, sem mais suplícios.
Margarida Fonseca
Santos, 52 anos, Lisboa
Arrumação
Andei à procura delas
pela casa; não as encontrava. A mania de nunca prestar atenção onde deixo as
coisas, dava nisto. Precisava de as encontrar.
Encontrei a alegria, esquecida, a um canto; senti compaixão. Depois, quase que tropecei na desilusão;
estúpido, não reparei que era minha companheira. Acordei a esperança e a felicidade; ficaram surpreendidas, dormiam há muito.
Meti-as num saco, no
frigorífico, para melhores dias. Só a tristeza ficou cá fora;
era a dona da casa.
Bau Pires, 50 anos, Porto
Deixaste-me o medo
Deixaste-me o medo. De começar, de acabar, de viver. É uma garra
sufocante que prende a esperança bem
lá no fundo. Deixaste também a melancolia dos dias passados em êxtase, com o coração na boca, sempre a palpitar.
Lamento a decepção. Sentia-me fraca, tolhida pelas escolhas. Não vivo triste. Depuro as minhas emoções todos os dias. Bem vês,
tudo o que escrevo é para ti. Para que sintas o amor que
ainda arde cá dentro, para
sempre.
Alexandra
Rafael, 35 anos, Albufeira
Desafio nº 45 (sem as emoções por ordem alfabética)
28/06/13
Programa Rádio Sim nº 35 – 28 Junho 2013
OUVIR o programa!
No site da Rádio Sim(Esta história é livre)
Descobri tudo.(não resisto a partilhar convosco que o Gonçalo é autor de Escrito Sem Cuidados, Ed. Colibri, que adorei, e músico)
Vi como se enterravam as tuas raízes na carne dela. A seiva que te alimentava, ensopando-nos os lençóis, deixou-me sem pinga de sangue. Arderam-me os olhos na tua cegueira, ainda assim, olhas-me como se nunca tivesses visto uma estátua. Asseguro-te que acabou.
Tiraste-me a vontade e o medo. Tiraste-me os gritos e os segredos. Foi tudo diluído no sangue. Deixa-me, não me tires da chuva. Não agora, que finalmente aprendi por que choram certas árvores.
Gonçalo Amadeu
Memórias…
Os caracóis louros saltavam com os solavancos do jipe imaginário. Os olhos fixavam o amigo, que manejava o ringue de plástico do jogo do mata. Sentia-se seguranaquela tábua em equilíbrio periclitante sobre os tijolos amontoados. O amigo sabia bem o que fazia! Já andava na escola e até fazia trabalhos de casa. Ela só iria à escola no outono,… agora restava-lhe sobreviver, na savana do quintal. Mas caiu. A mãe, e o mercurocromo,envergonharam-lhe a coragem.
Maria José Castro, 53 anos, Azeitão
(História sem desafio)
27/06/13
Programa Rádio Sim nº 34 – 27 Junho 2013
Indicativo + OUVIR o programa!
No site
da Rádio Sim
Desafio nº 36 - última frase de um conto usando as palavras por ordem inversa
Dezembro estava no fim. A Praça em prisma quadrangular embainhada de palácios doutras eras, pertença do rio que até de noite reverberava, exibia uma turba mole como que deslizando até ao cais que, por destempero ou amargura, travava as ondas melífluas dos reinos da Ninfa. Neste cenário de figuras romanescas, pontuava o assador de castanhas. Tisnado pela fumaça, descia-lhe pela fronte carimbada, a pesada, odorada e frondosa cabeleira. A barganha fora farta e o dia estava ganho.
Elisabeth
Oliveira Janeiro, Lisboa
Citação:
Vergílio Ferreira in "Gló" – E a cabeleira pesada
descia-lhe pela amargura como uma noite do fim.
26/06/13
Programa Rádio Sim nº 33 – 26 Junho 2013
Indicativo + OUVIR o programa!
No site
da Rádio Sim
Desafio nº 31 - sobre matemática
ANÚNCIO APRESSADO
Numerólogo e
professor de matemática carente procura moça solteira para casamento imediato.
Motivo: conjunção
astral favorável breve.
Deve ter até 25
anos, nascida em 12/03/1988, às 22h30min horas, 1,75 metros, 65 quilos, gostar
de crianças, trabalhadora e residir em Três Corações, Três Pontas ou Passa quatro.
Tenho 33 anos,
nasci no dia 12/3/198O, uso óculos de grau 3,5, calço 40, meço 1,82, 80 quilos,
honesto e carinhoso.
Contato urgente:
celular 938752643, falar com Marcos Paulo Décimo Segundo.
Publicado aqui: asasdosversosereversos.
Para ficar...
Deixo a alegria fugaz, já não me concentro nela.
Não consigo perante certos discursos, terrivelmente teóricos não me
decepcionar.
Permaneço colérica por não me
surpreender já dos que falam, que apregoam palavras simpáticas num discurso
teórico perfeitamente pragmático. No primeiro instante, são os que
precipitadamente oscilam e propendem para os que lhe dá mais jeito, mais
visibilidade. O desprezo invade a minha fúria. A raiva de me sentir impotente
revela-se como surpresa. A tristeza vem
para ficar.
Elvira Cristina
Silva, 49 anos, Queluz
Ser carteiro
– Quando for grande quero ser carteiro!
– Olha, essa é uma profissão onde se ganha pouco e carrega-se com
grandes pesos…
– Mas eu gosto MUITO de ver a cara das pessoas quando recebem os meus
“correios”.
–?!
– Às vezes, elas saltam de alegria. Outras, choram. E eu não sei porquê…
Fiz tudo bem…
– Pois é, mas nem sempre o que se dá com alegria é recebido da mesma
maneira. O que vem lá dentro dos “correios”, se calhar, magoa…
Edite Esteves, 67 anos, Venda do Alcaide
(Palmela)
(história sem desafio)
Diferentes Realidades
Neste barco de emoções, vagueio sem norte. Constante excitação, esta que me dá prazer, me prende à vida.
Desilusões!... Armadilhas hostis que a vida por vezes nos arma!
Dizem que a inveja mata, mas o medo?...
Esse sim, é hoje a minha revolta.
Ter de aceitar de uma forma abrupta, novas realidades… perder aquilo que fui e
que ainda hoje sou. Intolerantemente ter de me encarar outra pessoa, com uma tristeza envergonhada do tamanho do
mundo.
Graça Pinto, 44 anos, Almada
Lembram-se do desafio de Toronto?
– Toronto! Onde fica isso? Ó Tó!
Vem cá. ‘Tou tonto, procuro Toronto no mapa e não encontro.
– És um totó. Aí é Europa, tens que ver nas Américas.
– Falas como se estivesses sentado num trono real.
Pomposo!
– Noto que, de geografia, não topas nada.
– Já percebi! Não encontro porque o mapa está roto,
falta um bom bocado.
– Meu velhaco. Vou pegar neste toro de
madeira e no torno, vou tornear um “Pinóquio” com a tua cara.
Palhaço!
Cândido Pinheiro, 73 anos, Póvoa do Varzim
25/06/13
Programa Rádio Sim nº 32 – 25 Junho 2013
Indicativo + OUVIR o programa!
No site
da Rádio Sim
Desafio nº 3 - números de 1 a 10
Era um formigueiro como
outro qualquer… mas tinha duas formiguinhas loucas. Saíam e
voltavam sempre com novidades e sarilhos.
Um dia, deixaram três grãos
gigantescos a tapar a entrada… Durante quatro dias ninguém
conseguiu entrar ou sair do formigueiro...
Ouviram mais de cinco minutos
de ralhete real.
Só seis ou sete dias
depois saíram de novo. Escoltadas por oito obreiras
mal-encaradas, cheias de nove-horas…
Nesse dia, trabalharam a valer.
– Carregar dez vezes o
nosso peso… Que exagero!
Sandra Lopes, 37 anos,
Amadora, professora 1º ciclo
Estranhos Pensamentos
Qu-an-do-ob-se-rv-oa-se-st-re-la-sf-ic-om-ar-av-il-ha-do
Quando
observo as estrelas, fico maravilhado!
QUotas
para pagar? Esqueço... ANtigas e DOces recordações relembro!
OBras
e palestras... Que SEca! Não sei porquê, mas isto faz-me pensar em eRVas...
Umas
apanhadas em LisbOA... Isso foi uma grande aventura, SE foi!
Aí,
eSTradas percorremos e com RÉguas medimos... Mas isso LÁ importa...
O
que importa é que agora tenho de eSFregar o MICas, meu OMnívoro!
E
eu como sou, ainda perguntam? ARtur, AVarento, humILde, HÁbil e DOce!
Rickyoescritor,
11 anos, Pedroso, VNG
24/06/13
Aos meus amigos
São
letras, só letras! Às vezes olhares, ligeiros trejeitos de lábios, toques
disfarçados: e a amizade está lá! Gestos repletos de cumplicidade, sorrisos sem
sentido… de tudo, ou de nada; alegria das
pequenas vitórias, desapontamento das
duras derrotas; a lembrança da ausência. As palavras nunca doem, nunca
amargam,… reconfortam sempre. O perdão não gagueja, nem se engole. Sem egoísmo,
nem gratidão,
apenas satisfação ou sofrimento, lado a lado, corram lá os ventos que
correrem, de onde correrem.
Maria José Castro, 53 anos, Azeitão
Em Palco
De coração a explodir
de amor e com uma boa dose de ansiedade, viu a
filha surgir no palco, cintilante sob o xaile negro e o “Fado do Ciúme”
na voz, a engolir de um trago o medo da estreia.
Correu bem, mas os
jurados preferiram a loirinha da Mouraria.
“Que raiva”,
pensou.
Tanto fazia.
Na segunda volta, com
o “Fado da Saudade”, a sua moreninha levou a melhor.
E o coração da mãe
explodiu de vaidade.
Rita Bertrand, 41 anos, Lisboa
Imprudência
Paixão
não faltava para Alfredo.
Quem o conhecia imediatamente comentava: - “Quanto patriotismo!”.
Seu idealismo era
exagerado.
Era fanático.
No dia daquela manifestação nas ruas, Alfredo cheio de
esperança, pintou a cara com as cores da
bandeira, gritando palavras de ordem.
Emocionava-se com estas passeatas!
Quando começaram os tumultos teve medo e correu do lado contrário.
Alfredo, com imprudência,
estava ao lado dos baderneiros.
Ele, um sujeito pacifista,
foi o primeiro a receber uma bala de borracha...
Anne
Lieri, 53
anos, São Paulo, Brasil
Publicado aqui: http://asasdosversosereversos.blogspot.com.br/2013/06/imprudencia.html
Tonto apaixonado
O Tó,
hoje, foi magnífico. Um tonto apaixonado. Fez-lhe uma
declaração de amor. Daquelas que vêm das vísceras e da alma. Sentiu-se princesa
num trono.
Contou-me o que
acontecera assim que chegou ao trabalho. Perguntei-lhe: tu, que disseste?
Simplesmente, que também o amava. Noto a sua felicidade. O e
rosto espalhava serenidade, beleza. Disse-lhe que ficava feliz por ela.
Abraçando-me, sussurrou: vou-lhe oferecer uma prenda: um livro chamado Toronto. Torno rumo
à secretária, deixando-a com face iluminada.
Isabel Pinto, 43 anos, Setúbal
Éramos um grupo unido
Éramos um pequeno
grupo unido de alunas do Preparatório.
Vivíamos por essa
altura os arroubos, sem desfalecimentos, das exaltações
que definem a primeira
adolescência.
Todos os dias eram
de glória perpetuando a
nossa jovialidade e alguma inocência.
Neste turbilhão emotivo, a partida duma de nós para
longe, imolou a amizade.
Fomos ver o
navio que a levava. Tanta mágoa!
No chão do cais caíram
as nossas penas, e lá ficaram,
sabendo
que toda a
resistência seria inútil.
Elisabeth Oliveira Janeiro, 68 anos, Lisboa
Perdi-me nos teus olhos
Perdi-me nos teus
olhos, onde li afecto. Apercebi-me tarde de mais que era apenas
desejo físico. Imaginara enseada onde nos descobrimos.
Agora, em sofrimento e stresse, isolo-me. Sim, isolo-me em teoria. Eu sozinha e alheada de tudo; os simples sons da
rua desesperam-me. Terei de libertar-me,
afastar-me interiormente de ti, economizar na força anímica,
para reerguer-me.
Possível com todo
o trabalho psicoterapêutico que iniciei. O engano custou-me uma depressão, mas
passando estarei mais preparada par a vida.
Isabel Pinto, 43 anos, Setúbal
PE RD IM EN TR EO ST EU SO LH OS ON DE LI AF EC TO
O São João da família Guerra
Via eu televisão muito
sossegado, até que comecei a sentir um cheirinho maravilhoso vindo da cozinha:
sardinhas acabadas de grelhar, prontas a comer!
– Todos para a mesa! – gritava
a minha mãe.
Os homens lá de casa (mais propriamente,
o meu tio, o meu pai, o meu avô e o meu primo) levantaram-se.
Todos comeram muito
tranquilamente... As sardinhas estavam muito boas!
Dali a nada enchemos o grande
balão...
E assim acabou o São João da
família Guerra!
Rickyoescritor,
11 anos, Pedroso, VNG
Tarde demais
Telefonei-te, naquele
fim de tarde escuro. Vieste. Marcaste encontro numa rua sem saída, sem luz.
Estranhei, mas só conseguia pensar na encomenda assustadora recebida. Queria a
tua ajuda, de amigo, para resolver o problema. Ouviste serenamente. Aceitaste, sem
julgar. Eu, vulnerável, com medo, senti as tuas palavras e os teus gestos:
pagava, ingenuamente, fragilmente a solução. Abriste o caixote: "Afinal era só um ovo de Páscoa".
Arrependi-me! Tarde
demais. Agarrei no ovo e atirei-o ao teu rosto.
Isabel Pinto, 43 anos, Setúbal
Programa Rádio Sim nº 31 – 24 Junho 2013
Indicativo + OUVIR o programa!
No site
da Rádio Sim
Desafio nº 9 - recontar sem R
Ufano, o Coelho dizia do Cágado:
–‘Tá
bom, ‘Tá! O gajo pede licença a cada pata! Nunca mais é sábado!
Paciente,
o cágado ouvia, engolindo com azia!
Um
dia, levantou o Coelho a voz:
– Olhó
Sô Cagádo! Vai veloz! Um despique ó fim d’Avenida?
Manhoso,
lançou-lhe o isco:
– Dez
vezes a avenidazinha?
Fez
o coelho 92% da distância, sentou-se:
– Dá
sono, tanta velocidade!
E...
sucumbiu!
Ganhou
o Cágado. Bem disposto diz:
– Sô Danonininho, faltou só um bocadinho!
Luís
Marrana, 52 anos, Miranda do Douro
Relação polígama
Foi amor ao primeiro encontro
e a relação intensificou-se. Longe deles, sinto ansiedade, o desassossego
é difícil de controlar.
Absorvo o cheiro das suas peles, tão macias, acaricio-as com entusiasmo e, após uns momentos de
namoro, a quietude regressa. É uma relação
polígama, bem sei, mas desejo-os para recuperar a serenidade. Sem eles, a imaginação atrofia, as ideias acorrentam-se
e a solidão torna-se insuportável.
Sem eles, tudo é escuridão. Eles trazem a luz. Tranquilamente provocadores. Os
livros.
Ana Paula Oliveira, 52 anos, S. João da Madeira
23/06/13
Tão perto
O estômago estava às voltas, a ansiedade percorria-lhe o corpo. Ele estava
ali, mesmo à sua frente, tão perto que sentia o ar quente da sua respiração.
Seria hoje que trocariam o primeiro beijo? A coragem veio
de toda a cumplicidade e euforia que sentia, fazendo-a avançar. E o beijo aconteceu. Tal como
sonhara todas as noites, o Universo parou e ficaram só os dois envolvidos
naquela bolha de felicidade. Sentiam-se iluminados! Como se renascessem. Era Paixão!
Margarida Ramos, 26 anos, Torres Vedras
22/06/13
Timidez
Preciso entrar no teu coração para deixar sair a CONFUSÃO em que está o
meu. Entrar aí dar-me-á a CORAGEM necessária ao meu DESABAFO. A DÚVIDA
desaparecerá.
A ESPERANÇA que tenho dará lugar à EUFORIA ou
à FRUSTAÇÃO de uma vida, mas terei a HUMILDADE de aceitar o que encontrar,
porque o que me mata é esta INDECISÃO, este MEDO de arriscar.
Infelizmente reconheço que essa porta no teu coração só abrirá
ao cair da minha TIMIDEZ.
Vera Viegas, 29 anos, Lisboa
Um desafio cheio de emoções...
Assim que me lembrei do dia de hoje, fui a
correr para o computador: sabia que mais um desafio me esperava...
A ANSIEDADE era muita e o desafio incrível!
Chamei a minha mãe que, com BONDADE e CARINHO também ficou ENTUSIASMADA!
A FELICIDADE e HISTERIA contribuíram para que
o meu INTERESSE crescesse a olhos vistos!
Dali a nada o desafio estava feito e pronto a
enviar, mas já é muito tarde e preciso de descansar! Boa noite!
Rickyoescritor, 11 anos, Pedroso,
VNG
21/06/13
Um susto
Nascera tudo de uma aflição. Ela sentia-se queimar com um constrangimento, que metia dó. Mas lá continuava sem saber muito bem o que
dizer. Ela perguntava e voltava a perguntar; a questionar, mas nada lhe vinha
de resposta. Faltava-lhe a inspiração. Ele,
o tempo, percorria-lhe e passava-lhe por entre os meandros das suas carnes
rubras, latentes, numa melancolia que
arranhava o sentir de um remorso por estar
tão livre. E, na realidade, tudo era só um susto.
Carolina
Cordeiro,
34 anos, Ponta Delgada, São Miguel, Açores
Programa Rádio Sim nº 30 – 21 Junho 2013
No site da Rádio Sim
Desafio Rádio Sim nº 1
COMO
O TEMPO PASSA
Foi há tanto tempo, era eu uma criança,
quando a rádio foi divulgada.
Na hora do "TIDE" e discos pedidos, já as
senhoras tinham loiça lavada, cozinha arrumada e o ouvido
colado ao aparelho.
Ao jantar ouviam-se notícias.
Ao serão, músicas de embalar.
A recordar esses tempos, temos a Rádio SIM com os mesmos temas, as mesmas vozes, fazendo-nos sorrir lembrando algum episódio mais pessoal.
Não acrescento mais nada, a Margarida só me concedeu 77 palavras.
Esgotaram-se!
Ao jantar ouviam-se notícias.
Ao serão, músicas de embalar.
A recordar esses tempos, temos a Rádio SIM com os mesmos temas, as mesmas vozes, fazendo-nos sorrir lembrando algum episódio mais pessoal.
Não acrescento mais nada, a Margarida só me concedeu 77 palavras.
Esgotaram-se!
Romper com o estigma
Um dedo esticou-se,
apontando.
– Lá, estão os novos recrutas – indicou o sargento com afectividade.
– E agora?
– Um lugar cobiçado por muitos é o que lhes estamos a proporcionar – explicou em voz baixa.
Uma confusão, alguns metros adiante, despertou a atenção de ambos.
Quando se aproximaram, a sensação de entusiasmo tomou conta deles.
– Está apostado! – prometia um dos novos, num sorriso de desafio e excitação.
Havia-se rompido qualquer estigma de isolamento e para a raiva não havia lugar.
Quita Miguel, 53 anos, Cascais
– Lá, estão os novos recrutas – indicou o sargento com afectividade.
– E agora?
– Um lugar cobiçado por muitos é o que lhes estamos a proporcionar – explicou em voz baixa.
Uma confusão, alguns metros adiante, despertou a atenção de ambos.
Quando se aproximaram, a sensação de entusiasmo tomou conta deles.
– Está apostado! – prometia um dos novos, num sorriso de desafio e excitação.
Havia-se rompido qualquer estigma de isolamento e para a raiva não havia lugar.
Quita Miguel, 53 anos, Cascais
20/06/13
O homem certo
Continuava incapaz de reagir ao desespero
que lhe ia na alma. Decidiu divorciar-se. A dor
da traição lavou-a em lágrimas até ao dia em que, inesperadamente, ouviu a
seguinte conversa entre homens: “Sempre fui fiel e acredito nos casamentos para
a vida. Não permito traições!”. Afinal, havia homens que pensavam como ela! A fidelidade era possível! Precisava de paz. Tinha de abandonar
a raiva, a saudade
e o sofrimento. Com tranquilidade,
encontraria o homem certo para si!
Programa Rádio Sim nº 29 – 20 Junho 2013
No site da Rádio Sim
Desafio nº 2
O SAPO
No regresso do campismo, a Marta e o
Miguel estavam ansiosos para revelar como correra o fim de semana. A história que
tinham para contar aos primos era hilariante e até estava retratada em
fotografias. Quando mostraram uma foto do pai com um sapo
sobre a cabeça, a gargalhada foi geral. Concordaram que ele sabia ser bom
pescador e até o primo Francisco quis conhecer o local de
tanta diversão. Combinaram que a família iria sempre reunida.
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