31/01/18

Arménia Madail ― desafio 134

Chegou demasiado tarde. A vida tinha-a deixado pele e osso.
Nunca esperara que o filho trazido no ventre fosse tão franzino, anémico. Os primeiros dias de embevecimento por aquele ser que viera dar algum alento à perda recente do marido que não esperara por si, tornar-se-iam em dias de amargura. Fora ao médico. Ele dissera: “Não há nada a fazer.” A solução seria amá-lo enquanto cá estivesse. As lágrimas não conseguiram cair de tão seca que estava.
Arménia Madail, 61 anos, Celorico de Basto
Desafio nº 134 ― «Chegou atrasado…»


Mara Domingues ― desafio 134

Chegou demasiado tarde. O sonho não esperara por si.
A sensação de perda descobriu-a por breves instantes, instalando-se um nó na garganta!
A dúvida sobre uma nova oportunidade instalou-se e sentia o pensamento turvo.
Em frente ao espelho, passou a cara por água fria. Olhou-se como nunca o fizera.
E da pena por si mesma rapidamente passou para um "isso é que era bom!!! Quem manda no meu sonho sou eu e para mim ainda agora começou!"
Mara Domingues, 37 anos, Lisboa
Desafio nº 134 ― «Chegou atrasado…»


Ana Pegado ― desafio 134

Fartou-se de correr nesse dia. Não conseguiu sair mais cedo do trabalho. Na florista, as flores já tinham esgotado. Pelo menos as mais indicadas para a ocasião. A ourivesaria já estava fechada. Seguiu para o supermercado, na esperança de ainda sair vitorioso deste dia dos namorados. Pensou nos bombons gourmet que tinha visto no folheto, que ainda por cima estavam em promoção. Iam salvar-lhe o dia. Mas não. Chegou demasiado tarde. A sorte não esperara por si.
Ana Pegado, 31 anos, Lisboa
Desafio nº 134 ― «Chegou atrasado…»

Isabel Pardal – desafio 134

Chegou demasiado tarde. O navio não esperara por si. Sozinho no cais, evocava o rosto da tia Mercedes. O erguer da sobrancelha... A esquerda, certo? Como era possível erguer tão só uma sobrancelha deixando a outra imóvel, tomada de total paralisia! A tia era terrível nas suas fúrias contidas! E ficaria furibunda ao descobrir que o inútil do sobrinho perdera o navio, deixando Milú viajar sozinha. Uma caniche tão adorável... Lentamente, um sorriso gaiato desenhou-se-lhe no rosto...
Isabel Pardal, 53 anos, S. João da Madeira 
Desafio nº 134 ― «Chegou atrasado…»


Rita Rocha ― desafio RS 47

O urso Bárbaro adora espicaçar o Jaguar com o dedo, mas não o zangão, senão leva grande lamparina! Traz um xaile ao rival, em troca, ele compensa-o com mel. A varejeira não tem sorte, quando a vê fica muito trapalhão, cheio de hesitação. Detesta-a! Na solidão do seu quarto, lembra-se que está falido, nem uma nota! Isso não é crime, nada é impossível! Para terminar, nem que tenha de pedir ao místico oculto! Não seria o primeiro.
Rita Rocha, 6ºA, Escola Dr. Costa Matos, prof Cristina Félix
Desafio RS nº 47 – 23 palavras obrigatórias!


Sandra Santos ― desafio 91

Ulisses desistira das sessões de recuperação. Choros, tristezas e balelas de gente desconhecida deixavam-no mais impaciente. Olhava para o relógio. Uma vez. Outra vez. Corria a gastar os trocos do dia. Sentia-se dono de si. Queria ter força para não consumir, mas a vida sem a sua branquinha parecia-lhe já distante. A indiferença dos olhares, perdidos noutras magias, oferecia-lhe a certeza do anonimato e a ilusão de uma vida sem amarras. Herói de tudo. Herói de nada. 
Sandra Santos, 43 anos, Guarda
Desafio nº 91 – cena metafórica de gota de chuva que acaba numa poça


30/01/18

Natalina Marques ― desafio 134

Chegou demasiado tarde,
ao REENCONTRO marcado.
Os sonhos ficaram no tempo
perdidos no esquecimento.
A esperança guardada
num canto da alma,
ficou também esmorecida,
sem saber o que iria encontrar.
Mas talvez valha a pena
viver nessa ilusão
no engano de uma vida
mesmo que seja sofrida
e dizendo ao coração
para esperar com amor
porque amanhã,
virá um dia melhor.
Acreditando que assim seja,
mentindo para nós próprios
o coração o deseja
quando nós estamos sóbrios.
Natalina Marques, 58 anos, Palmela
Desafio nº 134 ― «Chegou atrasado…»


Cláudia Fernández Cores ― escritiva 27

Há muitos cheiros diferentes no mundo, mas há um em especial do qual gosto. É estranho porque não é comida.
Às vezes há coisas praticamente indescritíveis, mas posso tentar explicá-lo:  imagine uma tarde fria, céu nublado e silêncio. Então, passe as portas do cemitério e respire. Não é o cheiro a morto, não é o cheiro do crematório, também não é de flores mortas ou vela, nem o cheiro da terra; é o cheiro da pedra escura.
Cláudia Fernández Cores, 19 anos, Salamanca, USAL, prof Paula Isidoro
Escritiva nº 27 - cheiros


Chica ― desafio 134

Que pena
Chegou demasiado tarde.
tempo não esperara por si. Esse danado, correra tanto e tanto, mais parecia voar e ela que adiara dia a dia tarefas agradáveis, passeios, vida boa, despreocupação, enfim se depara com a cama, agora sua única opção... Nela está agora presa, confinada, triste, solitária, quase abandonada. Apenas sua cabeça ainda funciona e para sua sorte aos sonhos tantas vezes adiados e remarcados ainda pode voltar! Por isso, por vezes, um sorriso nos lábios...
Chica, 69 anos Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Desafio nº 134 ― «Chegou atrasado…»


Clara Valcárcel ― escritiva 27

Caminhei pela rua muito mais do que o necessário só pelo cheiro daquele homem. Era como o cheiro do meu primeiro namorado. Intenso, doce mas um bocadinho picante. Ele estava a conversar com uma rapariga, um pouco similar a mim; nesse instante, eu tinha quinze anos outra vez e falava com aquele primeiro amor. As nossas ilusões ainda eram novas, sem estrear, ainda não tínhamos estragado nada. Dobraram a esquina e a ilusão perdeu-se com o cheiro.
Clara Valcárcel, 19 anos, Salamanca, USAL, prof Paula Isidoro
Escritiva nº 27 - cheiros


Beatriz Moura ― desafio 35

― Dá-me o meu xaile!!!
Uma zanga impossível estava a acontecer, era o urso e a mosca varejeira. De uma hesitação, a zanga terminou, parecia haver solidão. Discutiam sempre quem chegava primeiro ao quarto e voltavam a ficar rivais. O urso estava oculto, uma nota ouviu, parecia um som místico. O urso bateu com uma lamparina à mosca, viu-se muito atrapalhada. Estava falida, só tinha um jaguar. Espicaçou-o com o dedo, um grande crime vitimou a mosca Bárbara.
Beatriz Moura, do 6ºA, Escola Dr. Costa Matos, prof Cristina Félix
Desafio RS nº 47 – 23 palavras obrigatórias!


José Cáceres ― escritiva 27

A sua mãe acendeu um pauzinho de incenso. De repente, sentiu como se viajasse no tempo e se envolvesse na lembrança, como se apanhasse de novo o avião e abandonasse a casa para deixar para trás  a complicada vida ocidental. Um simples pauzinho que serviu para fazer uma viagem de mais de oito mil quilómetros. Recordando as montanhas e o deserto, os prédios vermelhos com tetos dourados, mais o sol no horizonte. Estava, de novo, em Lassa.
José Cáceres, 19 anos, Cáceres, USAL, prof Paula Isidoro
Escritiva nº 27 - cheiros












Beatriz Ramalho ― desafio 35

Lembro-me bem de quando sonhei que estava a ir para a escola e encontrei uma amiga que já não via há muitos anos.
No sonho comecei a correr para lhe ir dar um abraço e matar saudades, até a convidei para ir a minha casa e ela aceitou.
Entretanto fui às aulas e, depois de acabarem, fui para casa com a minha amiga.
Perguntei à minha mãe se ela podia ficar lá e ela disse que sim.
Beatriz Ramalho, 5ºC, Escola Dr. Costa Matos, prof Cristina Félix
Poema – Declaração, Raul Marques
Desafio nº 35 – partindo de dois versos de autor


Glória Vilbro ― escritiva 28

As instruções ensinam a funcionar com o mundo em geral. Nos nossos dias os manuais são dispensáveis, o funcionamento das coisas é frequentemente intuitivo. Contudo não há intuição que ajude a perceber os mistérios insondáveis da mente humana, os segredos dos sentimentos e sensações de cada um de nós. E se viéssemos com manual de instruções e bastasse folhear, aprender, manusear? Mais fácil… Mas não tão empolgante. A vida é uma aventura, descobrir é o prazer máximo.
Glória Vilbro, 50 anos, Negrais, Almargem do Bispo - Sintra
Escritiva nº 28 - manuais de instruções


Fátima Caletrio Karcha ― escritiva 27

“Poucas pessoas conhecem o cheiro da ‘henna’, um cheiro inexplicável que me produz nostalgia. É uma mistura de natureza e amor. Eu ponho henna no meu cabelo para dar cor e também nas minhas mãos em forma de tatuagem e durmo sempre com as mãos no nariz porque gosto desse cheiro.  Esse cheiro lembra-me principalmente a minha mãe e a sua cultura. Também tenho outro cheiro mágico, é o cheiro que fica no ambiente depois de chover.”
Fátima Caletrio Karcha, 19 anos, Salamanca, USAL, prof Paula Isidoro

Escritiva nº 27 - cheiros

Desafio nº 134

Vou dar-vos duas frases, uma delas com um espaço em branco.

Chegou demasiado tarde. A/O _____________
não esperara por si.

Nesse espaço, pode estar a palavra que quiserem, por exemplo: a vida; o emprego; o amor; a oportunidade; o entusiasmo; o destino; a surpresa; etc. etc.
Que história surge começando por estas frases?

Eu escolhi «a solução»:
Chegou demasiado tarde. A solução não esperara por si. Levada pela mão de outro, para um sítio desconhecido. Embora conhecesse bem a floresta, não fazia ideia de quem se apoderara da solução. Isso seria uma moinha constante nos pensamentos. Não, a moinha era: porque se atrasara? Por puro desleixo, concluiu. Ouviu então o uivo da raposa. Caía atordoada pelo veneno. O esquilo sacudiu o terror. Compreendia tudo: atrasara-se porque a solução para a fome era verdadeiramente duvidosa.
Margarida Fonseca Santos, 57 anos, Lisboa
Desafio nº 134 ― «Chegou atrasado…»
EXEMPLOS OUVIR

29/01/18

Margarida Freire ― desafio 50

Mal acordou, Joana Feijoca franziu-se toda, DESCONTENTE. Dores DESAGRADÁVEIS no pé, deixavam-na sem ALENTO!
“Porcaria de coisa…”
Sentiu-se DESLEAL. A Vida não era apenas DESAMOR. “DESALENTO, pira-te daqui!”
Motivos para ficar CONTENTE? Mais que muitos.
Uma manhã bonita, AMOR no sorriso da criança, na flor que abria ao Sol, nas Músicas da Rádio Sim...
A Menina Feijoca tinha muitos momentos AGRADÁVEIS à sua espera.
 LEAL à Vida que lhe sorria, pulou da cama gritando:
“AQUI ESTOU! Prontíssima!”
Margarida Freire, 75 anos, Moita
Desafio RS nº 50 ― palavras com prefixo des


Mª Filomena Galvão ― escritiva 28

Queria que a vida me desse um manual de instruções eficaz, que me ensinasse, me instruísse, que me dissesse como:
ser sempre criança;
ser mulher;
ser mãe;
ser bondosa;
ser uma eterna estudante;
ser uma permanente viajante;
ser solidária;
ser escritora;
ser grata;
ser poeta;
ser alegre;
ser lutadora;
ser uma boa ouvinte;
ser empreendedora;
ser sonhadora;
ser tolerante;
ser confiante;
ser otimista;
ser realista;
ser criativa;

ser um malmequer - simples, espontâneo, natural
como ser… EU!
Mª Filomena Galvão, 57 anos, Corroios
Escritiva nº 28 - manuais de instruções


Theo De Bakkere ― desafio nº 35

Tenho um blogue
No plaino abandonado, nasceu meu blogue. Borbulhando, como água duma fonte subterrânea buscava na sua fragilidade um curso próprio. Ora, talvez demasiado destemido, não encontrou imediatamente uma abertura, e formara-se um paul dormente. Lentamente, gota a gota, superava os obstáculos de seixos... Num ai, encontrou-se numa cascata impetuosa, que o levava para uma outra dimensão. Não obstante, ficará somente um ribeiro discreto que faz pensar em nada. Quem está ao pé dele, está só ao pé dele.
O menino da sua mãe, de Fernando Pessoa ― Cancioneiro
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, de Alberto Caeiro
Theo De Bakkere, 65 anos, Antuérpia, Bélgica
Desafio nº 35 – partindo de dois versos de autor

Elisabeth Oliveira Janeiro ― escritiva 28

Aconselhar Não é Seguir
Seguia expedito na motoreta, o professor Raimundo, direito ao lugarejo onde ensinava adultos analfabetos. Com estes, insistia na presunção de que, para tudo há um manual de instruções. A qualquer pretexto, vinha a sentença que já o estampilhava acessoriamente.  Um dia, o tal que rilha as normas, Raimundo o metódico, saiu desprevenido da intempérie que prometia.  Enfaticamente, sob chuva impiedosa, gesticulou, panorâmico: Ah, esqueci-me da capa!   Ouviu-se num coro de risota: e o manual de instruções, professor?
Elisabeth Oliveira Janeiro, 73 anos, Lisboa
Escritiva nº 28 - manuais de instruções


Programas Rádio Sim - semana 29 Janeiro 2018

Todos os programas, sempre com Helena Almeida e Inês Carneiro, 

nas Giras e Discos, podem ouvir-se aqui (ou pelos links que estão em baixo).


Indicativo do programa:








- Música e letra: Margarida Fonseca Santos; 
Arranjos, direcção musical, piano e voz: Francisco Cardoso
- Histórias de Cantar CD - Conta Reconta

Horário na Rádio Sim - 17h45, todos os dias

Quer saber que histórias foram lidas? Vá por aqui:

28/01/18

Joana Beleza ― desafio 35

De manhã bem cedo
Acordo eu
No pé uma barata,
No sapato um pigmeu.
Saí para a rua
(Nem me penteei)
Com os pés descalços
Mas a chaves do carro
Em casa deixei.
Olhei-me no espelho
Espelho que não tinha
Estava toda despenteada
Mas que sorte era a minha.
Estou toda atrapalhada
Com tudo a monte
Estou mesmo atrasada
No meu caminho estava um bisonte.
Chegando à escola,
Com tampa rosa,
Encontrei uma panela
Azul e amarela.
Joana Beleza, 6ºA, Escola Dr. Costa Matos, prof Cristina Félix 
A Borboleta, de Odylio Costa
Desafio nº 35 – partindo de dois versos de autor


Beatriz de Lencastre Guégués ― desafio 121

— Era a mim que devias esbofetear, meu rapaz. Talvez não saibas, mas era cinturão negro quando ainda não tinhas nascido. Apetecia-me partir-te aos bocadinhos, contudo, tu não chegarias, assim, a saber que sou o teu verdadeiro pai, e não apenas o teu vizinho esquisito. Sou, na verdade, aquele que mudou as tuas fraldas cagadas e te deu o biberão aquecido quando aquele que chamas pai estava no casino o gastar o dinheiro que não tinha. Agora vai.
Beatriz de Lencastre Guégués, 10 anos, Cascais

Desafio nº 121 – 3 inícios de frase impostos


Mariana Rocha Afonso ― desafio 35

De manhã bem cedo,
acordo com o coração cansado,
Do segredo que guardo
no meu coração avermelhado.

Como sou uma ginasta
faço muitas acrobacias.
Caio o tempo todo nas escadas
como o meu professor Matias.

Ao final do dia chego a casa 
vejo a minha gata e o cão,
que estão sempre a brincar
e partiram o meu jarrão.

O meu cão anda muito devagar
o seu "ninho" é muito belo.
Vestiu um casaco
Azul e amarelo.  
Mariana Rocha Afonso, 6ºA, Escola Dr. Costa Matos, prof Cristina Félix 
A Borboleta, de Odylio Costa
Desafio nº 35 – partindo de dois versos de autor


Diana Gonçalves ― desafio 35

Lembro-me bem daquele dia em que fui à praia com os meus pais, o meu irmão e a minha colega.
Eu e a minha colega, o pai e o meu irmão, não parávamos de brincar na água e também na areia. Foi tão bom!
Digo-vos, o mar não estava nem um bocadinho calmo, por isso tivemos que ter muito cuidado.
De seguida pedi uma bola de Berlim aos meus pais e a minha mãe disse que sim.
Diana Gonçalves, 5ºC, Escola Dr. Costa Matos, prof Cristina Félix
Desafio nº 35 – partindo de dois versos de autor
Poema – Declaração, Raul Marques


Leonor Afonso ― desafio RS 47

Um dia, quando o urso Grande Bárbaro Primeiro acordou, viu que estava falido. Na solidão da sua toca, ficou hesitante.  
Pouco depois, quatro varejeiras espicaçavam o seu Rival, o Jaguar Místico. Foi uma zanga impossível de terminar.
Ele pegou no xaile e numa nota para subornar as abelhas, mas apercebeu-se de que isso era um crime.
― Parem de ferrar o dedo dele, ou então levam uma lamparina - disse-lhes.
Depois, pediu às abelhas para aquele assunto ficar oculto.
Leonor Afonso, 6ºA, Escola Dr. Costa Matos, prof Cristina Félix 
Desafio RS nº 47 – 23 palavras obrigatórias!


Telma Ferreira ― desafio 35

Lembro-me bem dos teus olhos castanhos, nos nossos momentos especiais. Eu sei que tu gostas de mim e eu de ti. O amor espalhou-se por nós, foi amor à primeira vista! Davas-me prendas todos os dias. Sempre gostei de ti e num momento inesperado tu pediste-me casamento. Preparamos o casamento com flores lindas, o meu vestido e o teu fato. Convidamos a família e amigos e ficamos muito felizes. No dia do casamento eu disse que sim.
Telma Ferreira, 5ºC, Escola Dr. Costa Matos, prof Cristina Félix
Desafio nº 35 – partindo de dois versos de autor
Poema – Declaração, Raul Marques


Ana Pegado ― desafio 118

Estava tensoimpaciente e desorientado. Quando a vi, desatei a correr. Atravessei a estrada e fui atrás dela a miar. Ela tentou mandar-me embora. Fiquei desiludido. Mas mantive a esperança, pois sou otimista e não desisti. Olhei nos olhos dela e vi a sua alma. E ela viu a minha. Miei novamente, ela abriu a porta de casa e deixou-me entrar. Senti a tranquilidade daquele lar e decidi ficar. Deitei-me no sofá. Foi amor à primeira vista.
Ana Pegado, 31 anos, Lisboa
Desafio nº 118 – associação de palavras



Rodrigo Afonso ― desafio RS 47

No meio da solidão, o urso encontrou o jaguar bastante atrapalhado, porque estava falido. Precisava de cometer um grande crime. Quase impossível, mas sem hesitações: roubar o primeiro xaile ao seu rival, o Bárbaro. Mas uma varejeira oculta, para o espicaçar, ensinou-lhe uma forma mais fácil de ganhar dinheiro. O jaguar teria de libertar quatro zangões da lamparina mística, na fábrica de notas. O dono seria picado no dedo e como é alérgico, recompensá-lo-ia quando o salvasse.
Rodrigo Afonso, 6ºA, Escola Dr. Costa Matos, prof Cristina Félix 
Desafio RS nº 47 – 23 palavras obrigatórias!


Ana Pegado ― desafio RS 49

Aquele caso era fora do comum. Não era nada parecido com os que estava habituado a tratar no antigo departamento. Não sabia bem todos os contornos, estava ainda a tentar compreender. Como é que se podia dar um nome à operação sem ter uma ideia clara do que se tratava? Operação sombra? Operação fantasma? Como é que fazem isto habitualmente? Sempre pensou que existia um departamento responsável por dar nome às operações policiais. Afinal não. Que desilusão!  
Ana Pegado, 31 anos, Lisboa
Desafio Rádio Sim nº 49 ― operação


João Torres ― desafio RS 47

A senhora Varejeira, com o seu xaile negro, andava a espicaçar o Jaguar, o seu grande rival.
Ele era o primeiro de quatro irmãos.
Foi uma zanga impossível de terminar.
Foi uma atrapalhação!
O Jaguar falido, sem uma nota, fechado na sua solidão chamou o urso sem hesitação. O urso, o Bárbaro, para evitar um crime entre os dois, pegou apenas comum dedo na lamparina e foi ter com eles, todo místico e meio oculto à noite.
João Torres, 6ºA, Escola Dr. Costa Matos, prof Cristina Félix
Desafio RS nº 47 – 23 palavras obrigatórias!



Paula Castanheira ― escritiva 28

Desde que conseguia lembrar-se, tinha sido conduzida por regras, preconceitos, julgamentos.
Abruptamente, aterrou nos 40 anos! Que caminhos tinha percorrido para chegar a este deserto de emoções? A este mar de nada?
Balançava-se entre balanços de vida, que não balanceavam. Arrastava-se penosamente entre dias sem história.
Agora, ali estava ele, lindo, cheio de vida, feito de frescura e juventude.
Luís era um ponto sem retorno. Que se lixe!
Iria atirar-se para aqueles braços, sem manual de instruções.
Paula Castanheira, 53 anos, Massamá
Escritiva nº 28 - manuais de instruções