26/08/15

De corpo tatuado

Habituou-se a aceitar o que o destino lhe ia reservando. Aprendera com a mãe a fazer-se à vida, sem brados, sem queixumes. Não sabia que o mundo se podia pintar de gestos doces. Sem reclamar, deixava-se marcar, dia após dia, pelo azedume que o marido guardava. As histórias só eram contadas pelas cicatrizes que o magro corpo ia guardando. No hospital percebeu a cor do amor. Separou-se do tatuador do seu corpo. Casou com o seu enfermeiro.

Amélia Meireles, 62 anos, Ponta Delgada

Desafio nº 68 – imagem de uma folha amarrotada

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