30/06/14

P 289 – 30 Junho 2014 – Desafio nº 3 – Theo De Bakkere

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No site da Rádio Sim

Ai, o ábaco
Ainda aprendeu a contar com um ábaco com 10 barras e bolinhas.
2 + 3 + 16
4 x 28
O cálculo mental é de uso ocasional.
Todavia, não tens de perguntar à caixa do Lidle.
Ela acredita cegamente no que aparece na tela.
O total são 57,90.
Então pagas com cem euros mais noventa cêntimos e o inocente rosto dela mudará num ponto de interrogação.
É óbvio, nunca tirou proveito do ábaco.

Theo De Bakkere, 61 anos, Antuérpia Bélgica

Desafio nº 3 – números de 1 a 10

Exibido

– Podíamos combinar um café… – sugeri com um ligeiro tremor, enquanto a tua boca permanecia estanque.
Contudo, uma tarde chegaste, sem teres prometido, deixando-me de boca aberta.
No início, fez-se silêncio, o fogo a invadir-me a cara. À hesitação de te cumprimentar, seguiu-se um gesto intempestivo, que entornou o café. Desajeitada, pedi um pano.
Não sei o que terás pensado, pois apenas te sentaste e iniciaste um monólogo, exibindo o teu conhecimento. Eu, como desforra, fechei os ouvidos.

Quita Miguel, 54 anos, Cascais

Desafio nº 69 – lista de palavras, onde se inclui desforra

Um descuido

Após certa hesitação, olhando os panos ali estanques, lembrei do prometido.
Acabar com aquela pilha de roupas.
Naquela tarde após pensado muito, dei inicio ao trabalho. Fazia o mais ligeiro possível!
Meu conhecimento da técnica, faria sentir o gostinho de ganhar: Seria a desforra.
Ouço o som do Skype.
Largo tudo, esqueço!
Eis que de goela bem aberta só podia gritar:
Fooooooooooooooooooogo!
Largo tudo, corro.
Nada grave acontecido! 
Apenas as camisas, do marido, queimaduras haviam sofrido, rs.

Chica, 65 anos Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil  
Desafio nº 69 – lista de palavras, onde se inclui desforra
Publicado aqui:

Desafio nº 69 – 30 Junho 2014

Prontos para um daqueles mais espartilhados? Boa, vamos a isso!

Pela ordem que quiserem, e podendo alterar género e número, adaptar, peço-vos que usem todas estas palavras no vosso texto. 

Coragem, vale a pena! No fundo, só vos faltam 65 palavras!

FOGO
PANO
PROMETIDO
ESTANQUE
ABERTA
HESITAÇÃO
CONHECIMENTO
LIGEIRO
INÍCIO
TARDE
DESFORRA
PENSADO


Eu escrevi assim:

Queria a desforra, gritou. Ninguém o ouviu. Fogo!, tinham prometido deixá-lo ganhar naquela tarde. Embriagado pelo compartimento estanque da cervejaria, nem hesitou. A garrafa estilhaçou-se contra a parede, deixando uma ferida aberta na mão de Ramiro. Aquilo que pensara ser um início de amizade ligeira, desfiava-se como pano abandonado na corda. Sem conhecimentos sobre as praxes académicas, tentou sair. Não foi capaz. Acordaria de ressaca, no chafariz, molhado e humilhado. Era um desgraçado… O ano começava mal.
Margarida Fonseca Santos, 53 anos, Lisboa
Desafio nº 69 – lista de palavras, onde se inclui desforra
EXEMPLOS
OUVIR

Forte e corajosa

Fizeram-me aquilo que mais temia. Usaram-me e atiraram-me fora. Senti-me detestável, desprezada. Uma coisa já usada e, agora, sem mais nenhuma utilidade. Mais ninguém me ligaria e, certamente, ficaria sozinha até ao fim dos meus dias. Mas, quando estava na iminência de cair no grande buraco obscuro, tentei levantar-me e consegui. Não fui a pessoa desprezível que tanto temia, mas sim a pessoa forte e corajosa o suficiente para não ter caído no maior dos seus medos.

Isabel Ferraz, 13 anos, Loures
Desafio nº 68 – imagem de uma folha amarrotada

29/06/14

Uma questão de pontaria

Ela falava regularmente da sua falta de pontaria, aquela era só a sua prova mais recente. Perguntaram-lhe se isso se expandia a outros campos menos desportivos, e ela disse: “é melhor mudarmos de assunto”. Sempre que dizia isso tinha os olhos em alerta vermelho: períodos de aguaceiros fortes com a possibilidade de queda de palavras feias em pessoas importantes. Importantes ao ponto de aceitarem que aquilo não era contra si, seria apenas um tiro ao alvo errado.  

Ana Rita, 23 anos, Aprendiz de ser humana, Porto
Desafio nº 68 – imagem de uma folha amarrotada

Bolo de laranja e amêndoa

Coloque num recipiente 400 gr de açúcar, seis ovos, 40 gr de margarina derretida e bata com varas de arame. Depois de estar esbranquiçado, acrescente o sumo e raspa de uma laranja e 70 gr de miolo de amêndoa
Forre um tabuleiro com papel vegetal. Entorne o conteúdo no tabuleiro e leve ao forno. Quando estiver cozido, retire o tabuleiro do forno, desenforme-o, puxando o papel vegetal e enrolando o bolo. Polvilhe com açúcar.
É uma delícia!

Arménia Madail, 56 anos, Celorico de Basto

Desafio RS nº 10 – uma receita em 77 palavras

27/06/14

P 288 – 27 Junho 2014 – Desafio nº 2 – Margarida Fonseca Santos

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Era uma história triste, a sua. Não tinha início nem fim, apenas uma sucessão de acontecimentos que não lhe permitiam ser um conto, nem mesmo uma novela, não era nada. Chamavam-lhe esboço muitas vezes, mas nunca se importou com isso. Mesmo quando quis, levada por ideias alheias, ser uma crónica, sempre soube que era impossível. Dizem que casou com um conflito fora de prazo, e que hoje habitam juntos um livro de memórias. Será verdade? Possível?! Talvez…

Margarida Fonseca Santos

Desafio nº 2 – “Sempre quis ser uma história”, palavras obrigatórias por ordem inversa

Um tanto insano

Tanto ele tentou,
que tento ganhou,
tão atentado, tentando atestar
algum tema qualquer.

Tanto pescou trevas
no topo mais terminante 
que travou muitas trovas
mente tonta incessante.

Tanto palavreou tonturas,
assombrosas telas cruas,
terminadas estranhas, tão inseguras
trevorosas palavras, terminadas nuas

Tanto enlouqueceu,
tantas poesias tão belas,
terminantemente esqueceu,
trancadas em tantas celas.

Tanto pagou,
tramando pelo trato....
Perdido, trancado
pela tranca mais tenebrosa

Tanto morreu,
todos os trevos buscando...
Terminou desaparecendo tudo.
Sorte, tanta morte escondeu.

Poeta mais ou menos culto, 15 anos, Nova Friburgo (RJ), Brasil

Desafio nº 61 – palavra sim, palavra não começada por T

O teatro

Ontem à tarde, na oficina de teatro, preparámos um espetáculo que não agradou ao público. As pessoas não gostaram da peça. Não aplaudiram, gritaram.  Não chorámos, porque somos corajosos. Nunca nos enganámos. Nãocompreendi por que é que as pessoas nãogostaram. Se calhar não estavam atentas. Se calhar o espetáculo não era bonito. Talvez o cenário não fosse giro. Não fiquei contente!Nãonão foi fácil! Não percebi! Não é mesmo nada simples conquistar uma assistência!

Turma de CE2 (3° ano) da Secção Portuguesa do Liceu Internacional, Polo do LI, França, alunos da professora Conceição Escórcio, orientados pela professora Isabel Pereira da Costa

Desafio nº 59 – 14 vezes a palavra não

26/06/14

P 287 – 26 Junho 2014 – Desafio nº 67 – Isabel Lopo

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Pr'a desencalhar...
Espreitei pela janela
à hora de ele passar.
Pus uma flor ao peito
à espera do seu olhar...
Mas nada surtiu efeito,
resolveu não aparecer
e eu ali no parapeito
condenada a sofrer...
É que nem a carochinha
passou tal humilhação,
pois pr'a não ficar sozinha
lá caçou o João Ratão...
Sentindo apenas despeito,
comecei-me a desenfeitar,
e eis que surge o eleito
que me pede pr'a casar.
Não era nada de jeito...
Mas serviu pr'a desencalhar...

Isabel Lopo, 68 anos, Lisboa

Desafio nº 67 – 8 palavras com EIT

A chegada tão esperada

Foi um momento de muita espera que parecia não terminar. Há horas infinitas que aguardo por ti, minha querida filha. Dia e noite, os meus pensamentos giram à tua volta. Eu sei que nunca nos demos bem e que desde aquele dia nunca mais nos vimos ou falamos. Porém, ainda tenho a esperança que um dia nos possamos olhar, olhos nos olhos. E finalmente o meu sonho tão desejado realizou-se: És tu! És tu! Sempre vieste, enfim!

Foi um momento / Fernando Pessoa / Isto p. 86
És tu! És tu! Sempre vieste, enfim! / Florbela Espanca / Sonetos p. 144
Catarina Mouriz, 17 anos, e Alexandre Ribeiro Fonseca, 16 anos, Lycée Athénée, Luxemburgo, profª Carla Simões

Desafio nº 35 – partindo de dois versos de autor

Sonho ou realidade

Não sei se é sonho, se realidade,
Será que estás a dizer a verdade? 
Ou não estarás a sonhar?
Mas que lindo luar, 
Que está no ar, 
Assim numa noite escura. 
Ai! Nesta vida tão dura. 
Dá-me a tua mão! 
Não sentes essa paixão, 
Que está no coração? 
Inocência ou mesmo resistência, 
onde lágrimas vivem eternamente. 
no teu amor ardente. 

Mas só há uma solução,
Para essa cura 
e amor é feito de alma e sempre dura.

Isto/Fernando Pessoa
Elegria a D. António de Noronha/Luís de Camões

Caroline Quiaios e André Nogueira, 16 anos, Jessy e Márcio Araújo, 17 anos, Lycée Athénée, Luxemburgo, profª Carla Simões

Desafio nº 35 – partindo de dois versos de autor

É a hora!

É a hora!
O senhor diretor administrativo vem visitar-nos e nós jamais poderemos falhar. Se falharmos agora, nunca mais teremos ajudas financeiras da parte daquela agência bancária. Estamos prontos, a sala está arrumada e bem ordenada. A empregada está pronta para providenciar todas as necessidades físicas ao diretor.
Este acabara de chegar, quando a empregada de imediato lhe perguntou se ele queria beber alguma coisa. E ele respondeu-lhe de forma lacónica e calma:
– Não, não quero nada.

1º verso – Florbela Espanca; último verso – Fernando Pessoa
Daniel Coimbra, 16 anos e Pedro dos Santos, 17 anos, Lycée Athénée, Luxemburgo, profª Carla Simões

Desafio nº 35 – partindo de dois versos de autor

Absorção

Sentei-me à secretária, as ideias em desalinho e a envolvência dum confuso desalento.
Faltavam-me as palavras, fugiam-me os números, os traços não surtiam efeito.
Mais uma folha amarrotada perante a  incapacidade de a  preencher.
Apanhei-a!
Olhei aquela folha em branco com carinho, lendo nela o muito que me dizia.
Uma folha em branco é uma oferta de liberdade. Todo o seu espaço está recetivo à imaginação
incondicional  transportando-nos para lá dos sentimentos que nos fascinam e absorvem.    

Rosélia Palminha, 66 anos, Pinhal Novo  

Desafio nº 68 – imagem de uma folha amarrotada

Talvez...

Saudades ! Sim…talvez…e porque não?...
A distância que de tudo nos separa
Faz com que tudo vá em vão
Tal como as letras de uma canção

Talvez este amor permaneça
Assim por muitos anos e que seja eterno
Ou então simplesmente desapareça
Assim como as chuvas no inverno

Porque é tão dura esta amizade
Tudo o que nos resta é saudade
Já nem um pingo de felicidade
Vem não sei como, e dói não sei porquê.

Primeiro verso – Florbela Espanca, último verso –Luís de Camões
Ana Sofia Maia Maricato e Sílvia Ribeiro Monteiro, 16 anos, e Wendy Sousa Correia, 17anos, Lycée Athennée, Luxemburgo, prof. Carla Simões

Desafio nº 35 – partindo de dois versos de autor

Não pode ser

Oh! Não pode ser! Não pode ser que tive outra negativa. Espero que a minha Mãe não me mate! Não posso ter mais negativas este ano, se não, não passo para o próximo ano. A partir de hoje, não vou sair mais e vou estudar ainda mais, para não ter mais negativas! Não! Não pode ser! Não pode ser que já tive outra negativa. A minha mãe não me vai assinar o teste, ai não vai não!

Hélder Ferreira, 13 anos, Lycée de Garçons,  Esch-sur-Alzette, Luxemburgo, prof. Carla Simões

Desafio nº 59 – 14 vezes a palavra não

Não aceitar

Não? Porquê sempre não?
Porque não podemos sair quando queremos, porque não podemos decidir?
 “Não” é a palavra mais usada pelos pais. “Não” é uma palavra simples, porém não é fácil de aceitar. Para nós jovens um simples “não” altera tudo.
Não quero que faltes à escola, não podes ignorar os estudos, não podes faltar ao respeito!
Porque será que esta palavra nos faz perder a razão?
– Será que aceitaremos algum dia um não? Não, não aceitaremos!

Erika Sandrina, 17 anos, Lycée de Garçons-Esch-sur Alzette, Luxemburgo, prof. Carla Simões

Desafio nº 59 – 14 vezes a palavra não

Mísero Destino

Os bons vi sempre passar,
com certo amor no olhar.
Evadidos em seus pensamentos
Muitas vezes revivendo momentos.

De um lábio tremido,
um pouco mordido
Depois de um beijo sentido
E certo tempo perdido.

Sorriem sem sorrir
Pensam sem pensar
naquelas memórias
que um dia vão relembrar.

Enquanto caminham
nem adivinham
a amargura que os acarinha.

Pois o amor
não perdura enquanto
eles pela calçada
Avançam
Sem razão, compreensão
da situação
do nosso grande e mísero Destino!

Sara Moreira, 16 anos, Lycée de Garçons-Esch-sur-Alzette, Luxemburgo, prof. Carla Simões

Desconcerto do Mundo – Luís de Camões
Voz que se cala – Florbela Espanca

Desafio nº 35 – partindo de dois versos de autor

Não digas não

Não! Não digas não, meu coração chora de dor porque quer ouvir um sim. Não é verdade e não acredito, que não és sensível à melodia do nosso amor, quando nossos corações batem em uníssono, e não são dois mas um só, vivendo as mesmas emoções, se não é verdade que sentes e me amas como eu te amo, não me procures, viver na mentira não, digo não. Não entregarei meu coração, sofrer não. Não, amor, não.

Maria Silvéria dos Mártires, 68 anos, Lisboa
Desafio nº 59 – 14 vezes a palavra não


Nessa não caio!

Um dia num restaurante, fora do espaço e do tempo, pedi o prato do dia.
Enquanto saboreava a minha refeição, deparei-me com um cabelo no molho da francesinha. Chamei imediatamente o empregado de mesa, contei-lhe o sucedido. Logo vem o gerente à minha mesa para esclarecer o incidente. Explicou-me que tal situação era impossível no seu restaurante e recusou qualquer tipo de recompensa.
Irritada, dirigi-me novamente ao gerente e disse-lhe:
Lá nessa é que eu não caio!

Primeiro verso: Dobrada à moda do Porto, Fernando Pessoa    
Último verso: Impossível, Cesário Verde
Andreia Cavaleiro, 17 anos, Lycée de Garçons,  Esch-sur-Alzette, Luxemburgo, prof. Carla Simões

Desafio nº 35 – partindo de dois versos de autor

25/06/14

P 286 – 25 Junho 2014 – Desafio nº 66 – Catarina Romão Gonçalves

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tonturas e vertigens!
subi 66 degraus. quando desci eram 99. virei-me do avesso e virei do avesso a minha realidade. voltei a subir agora de 6 em 6 e a descer de 9 em 9, tudo igual. percebi depois que a redonda terra me confundia os hemisférios. já meia tonta dei meia volta sobre a volta e meia que fiz de mim e sorri de tonturas e vertigens. aceitei. sofrer de tonturas já sofro.  juntei tudo e fiz dois oitos!

Catarina Romão Gonçalves
Desafio nº 66 – números 66 e 99

Ou então, não

Chove como em Novembro,
Não fosse Junho pensaria
Que Dezembro sucederia
Com cheirinho a Natal
Mas olhando para a mesa
Sem vestígios de canela:
Ou almanaque está mal
Ou há avaria na janela

Resta-me a telefonia
E o quente do café
Para aliviar o espanto

Com o barulho da chuva
A música tem outro encanto

Baixo o estore, reduzo a luz
No silêncio um trovão
Leio e escrevo devagar
Espero pelos dias de verão
Ou então não.

José Rui Peixoto, 23 anos, Barcelos

Desassossego

Caiu no chão desamparado, como uma folha amarrotada, hoje como ontem. Toda a vida fora um joguete daquele anjo de mãos cruéis. É psicológico, vão-lhe dizendo quando comete a inconfidência de ser confidente. As suas fraquezas soçobram invariavelmente às mãos daquela a quem entregou a vida e a dignidade em troco do amor eterno. Agora sem amor, nem saúde para levar a vida, resta-lhe dignificar o nome que o tortura. Escreve livros. De amor? Não… de amargura!

Alda Gonçalves, 47 anos, Porto

Desafio nº 68 – imagem de uma folha amarrotada

Um sonho

Esta noite sonhei que era professora, mas não gostei do meu sonho porque os meninos faziam asneiras e não trabalhavam. Faziam muito barulho. Não, não, não, não gostei do barulho! Eu já não sentia a minha cabeça. O barulho não parava e eu não gostava disso. Não consegui acabar de corrigir os trabalhos, os que corrigi não tinham boa nota. Tentei gritar, mas eles não me ouviam, não servia de nada. Não tive sorte nenhuma neste sonho!


Turma de CE2 (3º ano) e CM1 (4º ano), da Secção Portuguesa do Liceu Internacional de Saint-Germain-en-Laye, Polo da Normandie-Niemen, Le Pecq, França, prof. Isabel Pereira da Costa

Riscar, apagar

E todas as vezes tentei. Sentindo a vergonha do fracasso! Quase desistia, não valia a pena tentar mais! Mais fácil deitar o lápis e a folha de parte! Escrever dentro dos limites pedidos nunca iria ser possível! Quando a alma não é pequena, ora a imaginação também não o é! Furiosa recomecei, risquei e apaguei, e risquei e apaguei, e risquei... "Não consigo!", pensei. Olhando para as folhas amarrotadas juntei-as. Até que por fim assim acabei satisfeita.

Liliana Macedo, 15 anos, Ovar

Desafio nº 68 – imagem de uma folha amarrotada

24/06/14

P 285 – 24 Junho 2014 – Desafio RS nº 13 – Cristina Lameiras

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77 palavras
Há algum tempo uma colega desafiou-me a visitar as histórias em 77 palavras.
Satisfeita a curiosidade, receosa de escrever disparates, afastei dúvidas e a vergonha de não saber escrever.
As palavras atrapalhavam-se na minha cabeça mas enfrentei pensamentos e comecei a escrever.
– Desabafo pessoal? Contos? Rimas? Poesia?
Depois de conhecer a Margarida tornou-se fácil. Tem sempre uma palavra amiga, um incentivo para continuar.
Posso não escrever muito bem mas sou uma privilegiada, faço parte da comunidade “77 palavras”. 

Cristina Lameiras, 48 anos, Casal Cambra
Desafio RS nº 13 – … palavras atrapalharam-se dentro…

Obrigada, Cristina, é mesmo tê-la nesta comunidade.

Tu ou eu?

Não se sentia lixo, mas houve quem tivesse tentado que se sentisse como tal. No trabalho fora despromovida e acabaram por despedi-la, acusando-a de excesso de competência. O chefe atirou-lhe um violento «tu ou eu!», vazio de qualquer possibilidade de opção. Ele já se tinha autoescolhido. A surpresa foi tão brutal que ela se sentiu amarrotada no seu âmago. Contudo, ergueu a cabeça, arrumou as suas coisas e saiu. Quem tinha medo da sua alegria de viver?

Rosa Maria Pocinho dos Santos Alves, 51 anos, Coimbra

Desafio nº 68 – imagem de uma folha amarrotada

Desobedeci

Quando ainda não era adulta, os meus pais não me deixavam sair, diziam que não tinha idade. Uma vez não lhes obedeci e saí. Fui a uma festa e isso não correu bem: os meus amigos não obedeceram e foram parar ao hospital pois beberam muito álcool. Não gostei pois não souberam resistir. Não souberam não beber. Os meus pais não me deixaram mais sair, mas não me castigaram porque não bebi álcool e não fui hospitalizada.

Sophie Pinto, 13 anos, e Jessica Gonçalves, 14 anos, Collège Pierre et Marie Curie, Section Portugaise, turma A, 8º ano, Le Pecq, França, prof. Isabel Pereira da Costa

Desafio nº 59 – 14 vezes a palavra não

Menina Glória

Foi com bravura que construiu as palavras. Foi com raiva que as amarrotou!
– Bom dia, senhor  Adelino.
– Bom dia, menina Glória. Aqui tem o seu troco.
Por falta de coragem levou anos para revelar-lhe o seu segredo. Agora ela já não queria saber:  o sabor de outros braços servia-lhe de ninho...
Um  dia alguém se inclinará para pôr ordem a esta vida desarrumada e recuperará cada letra, cada palavra, cada frase amarrotada...
O amor não é lixo!

Faísca Maria, 57 anos, Faro

Desafio nº 68 – imagem de uma folha amarrotada

O Espanador e o Livro

– Ufa!  Passou aqui um furacão! Há muito que o Espanador não me visitava. Como está?
– Bem, obrigado. Passei para ver como estava e reconheço que quando o vi o achei um pouco adoentado.
– Pudera! Há três semanas que não sou visitado; ninguém me pode agarrar, abrir, ler...
– Mas agora que cheguei, como se sente?
– Mais reconfortado e feliz!
– Acho-o mais vivaço, Sr. Livro. As suas letras brilham e encantam as crianças. Olhe para elas. Que contentes estão!

Arménia Madail, 56 anos, Celorico de Basto

Desafio nº 62 – dois objectos, numa prateleira cheia de pó, conversam