31/01/14

Borrifar a raiva

Estava ruborizado e a tremer, apetecia-lhe gritar e xingar o Sistema, mas ficou imobilizado como uma abelha num nenúfar com o patrão, um burro, a zurrar
Deu um pontapé no entulho e magoou uma unha. Só queria fugir daquele lugar imundo, não tinha hipótese neste trabalho, jogara tudo e perdera.
Mais tarde, sentiu fome – comeu ovos com queijo e um caramelo à luz da vela. Pegou num livro que lhe murmurava esperança e lhe borrifava a raiva.

Maria de Fátima Esteves Martins, 45 anos, Coimbra
Desafio nº 58 – tabela de 2 palavras obrigatórias para o alfabeto, uma à escolha

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