31/12/14

Que toleirão!

Que toleirão! Lá porque participa num programa saloio, Julinho Pitorra julga-se o maior humorista à escala planetária.
2015 entrou mas o seu ego ficou em 2014. Situemo-nos, então!
Festa bombástica no hotel, ele tinha a seu cargo a animação. Enquanto o jantar acontecia, arremessou as suas larachas e ninguém lhe prestou atenção. Esmoreceu.
Meia-noite: os foliões beberam, comeram passas, bailaram.
Uma hora: altura para Julinho bisar a atuação. Encontraram-no a ressonar, com três enormes garrafas nas mãos.

Ana Paula Oliveira, 54 anos, S. João da Madeira
Desafio nº 81 – Julinho Pitorra, humorista sem graça

Presente para o menino Jesus brincar

A mãe levou os filhotes a ver o presépio de Natal montado pelos paroquianos da aldeia.
Eles observaram deslumbrados as figuras em barro, estáticas sobre o musgo verde e fofo, que o fluir do ribeiro e o rodar das hélices dos moinhos emprestavam movimento e vida.
Pararam em frente à sagrada família.
Uma teia de aranha, artisticamente fabricada, brilhante e orvalhada, surgia acima das mãos estendidas do menino Jesus sorridente.
– Mãe, que rei mago ofereceu o móbile?

Márcia, 36 anos, Vila Nova de Famalicão

Desafio nº 80 – o Natal da aranha

Sem jeito

Julinho Pitorra, ou, como lhe chamam por aquelas margens, o cómico com as graças sem graça. Triste alcunha, mas certa! As pessoas riam-se justamente pelo seu pouco jeito! Era um facto, Julinho não era cómico! Na passagem para o ano seguinte, a animação era o seu cargo... Já se imagina o fiasco! Mas este ano... Oh, este ano ia ser outra coisa! Julinho esforçou-se como nunca. O certo é que apareceram risos, risos sinceros, Julinho finalmente conseguira!

Liliana Macedo,16 anos, Ovar
Desafio nº 81 – Julinho Pitorra, humorista sem graça

2015

Que seja muito bom. O seu, o meu, o nosso 2015.
Que venha com mais paz, tolerância, menos ansiedade, acendendo esperanças. E nós tenhamos mais consciência, gestos concretos com o meio ambiente, natureza, animais, nossos semelhantes, com a vida.
Não falte entusiasmo, não deixemos a fraqueza nos abater.
A  seja maior que nós mesmos, medo algum nos paralise, mortifique.
Evoquemos só os bons fluídos, sensibilidade para perceber que todos somos um, se formos juntos.
FELICIDADES!

Roseane Ferreira, Estado do Amapá, Macapá, Extremo Norte do Brasil.
Desafio nº 45 – emoções por ordem alfabética (nesta caso, baralhadas)


30/12/14

Programa Rádio Sim 416 – 30 Dezembro 2014

OUVIR o programa! 

No site da Rádio Sim



Obrigatório falar em 77 palavras
“História em 77 palavras", era este ano a minha prenda de Natal. Alcançou, na escala de felicidade, uns oitenta por cento. Aliás, é uma coisa recomendável para muitos, teríamos de formular tudo em poucas palavras. Não há lugar para mentiras, anuladas por causa do comprimento.
Imaginem a felicidade dos Cubanos se o discurso do Fidel só tivesse durado 77 palavras. Felicidade assegurada.
Por isso, tenho a convicção viva para recomendar o blog da Margarida como disciplina obrigatória.

Theo De Bakkere, 61 anos, Antuérpia Bélgica
Desafio Rádio Sim nº 9 – A melhor prenda que recebemos na nossa vida (não precisa de ser material, pode ser emocional)


Palratório chato

Não há quem não afirme que Julinho Pitorra está mais para político, que para cómico. É que as graças arrancam apenas bocejos. Palratório chato! Os risos, esses ficam longe. Palco que Julinho pise é monotonia na certa. Mas insiste e, agora que o ano termina, ali está ele com a cara e a coragem, mas sem graça.
Sobe no palco, afina o tom e inicia o obsoleto repertório. Ninguém escuta.
Começa o ano sozinho, numa sala cheia.

Quita Miguel, 55 anos, Cascais

Desafio nº 81 – Julinho Pitorra, humorista sem graça

Um outro final

Quase final ano.
Para Julinho Pitorra, humorista e artista também seria o fim. Seus espetáculos, um fracasso.
Não sabia o porquê, mas não conseguira fazer rir, o que era sempre seu intento.
Sentia-se triste. Era enorme sua frustração.
Nem a casa cheia, festa na família que era imensa, o animara.
Quanto mais triste, mais ele comia. 
E, repentinamente, foi ele quem, sem perceber, no sofá, proporcionou os “foguetes barulhentos” que anunciaram o ano!
Ninguém riu. Iniciou mal!
Chica, 66 anos Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil 

Publicado aqui:
Desafio nº 81 – Julinho Pitorra, humorista sem graça 

Palavras

É difícil escrever, e eliminar uma letra
Mas amiga que dizer da amizade que alastra
E falar da magia, e também da alegria
Que alegra, e embeleza meus dias
Perfumam céu mar e cheiram a maresia
Diz-me se seria agradável, a vida ser infindável?
Que maravilha seria perfeitamente incrível.
Admira as estrelas cintilantes
E a lua a iluminar teu amante, é deslumbrante
É estranha esta escrita, mas perfeitamente aceitável
Escrever para mim é viver, é quase irresistível.

Maria Silvéria dos Mártires, 68 anos, Lisboa

Desafio nº 76 – escrever sem a letra O

Desafio nº 81

Vamos para o novo ano, e gostava que me contassem como foi 
a passagem de ano de Julinho Pitorra, o humorista sem graça…

Um pequeno pormenor: não podem usar nem o D, nem o V.

Julinho Pitorra era um humorista sem gracinha nenhuma. Não se conhecia quem risse nos seus espectáculos, ninguém lá ia, sequer. Mesmo assim, apareceu na festa, na passagem para o ano seguinte. Logo fugiu muito público. Julinho ficou triste, mas mesmo assim fez o seu número, com um humor reles e tolo. Um Pitorra não foge! Só uma pessoa lhe bateu palmas. Era Clementina, pois queria praticar os aplausos. Seriam para o cantor rock que entraria a seguir!
Margarida Fonseca Santos, 54 anos, Lisboa
Desafio nº 81 – Julinho Pitorra, humorista sem graça
EXEMPLOS

29/12/14

Programa Rádio Sim 415 – 29 Dezembro 2014

OUVIR o programa! 

No site da Rádio Sim



Privilégio
Caras companheiras de escrita,  considero-me  "sortuda".  Conheço a Margarida há quase  vinte anos.  Tive a sorte de estar inserida num grupo de escrita criativa orientado por esta senhora que se tornou numa amiga. (Não é difícil).
Foi muito gratificante.
Agora, com o desafio 77 de 77 palavras, sonhar não custa, se nos juntássemos para falar, uns 77 minutinhos, tomar um chá feito, por exemplo de 77 folhas. De tília ou outras.
Quem sabe... talvez na Rádio, "SIM"?! 

Rosélia Palminha, 66 anos,  Pinhal Novo
Desafio nº 77 – texto sobre o blogue

A aranha e o menino

Pobre aranha. Vivia numa luta diária para manter a sua teia perfeita, pronta para recolher o pão – desculpem, quis dizer insecto! – de cada dia. O orvalho enfeitava aquela rede, todas as noites. O menino encantava-se com aquele rendilhado: não resistia, mexia-lhe. Um pequeno toque, um roçar suave dos seus rechonchudos dedos, era quanto bastava para a destruir. Era Natal. Ela queria-a bem bonita. Decorou-a com pequeninas folhas de azevinho. O menino entendeu: a aranha também tinha Natal.

Maia José Castro, 54 anos, Azeitão

Desafio nº 80 – o Natal da aranha

Ceia trocada

Lançou-lhe um olhar curioso e piedoso. Fixou os olhos famintos e ansiosos da idosa: deixou cair uma moeda. Era Natal, seria caridosa.
Entrou, pesarosa, no restaurante famoso onde um rico e jeitoso quarentão a aguardava.
Beijou-o distraidamente, olhou a ementa de forma jocosa, e pediu o prato mais oneroso da lista. Pensava na idosa sem ouvir as palavras espirituosas, as insinuações maldosas. Num silêncio cauteloso embrulhou a comida do prato e saiu. Afinal nem gostava de lagosta.

Maria José Castro, 54 anos, Azeitão

Desafio RS nº 20 – 14 palavras acabadas em -oso, -osa

28/12/14

Rabiscos de Letras

Das 77 palavras para mais textos, vale a pena seguir!

http://rabiscosdeletras.blogspot.pt/

Natal em família

Um casal de aranhas planifica a quadra de Natal:
– A minha mãe quer saber se vamos lá consoar.
– Temos mesmo que passar com eles?
– É a minha mãe…
Pois sim, mas há coisas mais divertidas que uma família aos gritos, cheiro de fritos e um frio de rachar...
– Levas a tua teia e já não tens frio.
– ‘Tás a gozar…
– Não, não estou, mas pensando melhor… vou sozinho.
– Hãaa??! E a minha prenda?
– Vai comprá-la! Feliz Natal!

Alda Gonçalves, 47, Porto

Desafio nº 80 – o Natal da aranha

A aranha viajante

Era uma aranha preta, patinhas grossas e cheias de pelos. Queria visitar a família, lá longe e fazer surpresa. Decidiu partir à aventura. Entrou no avião, escondeu-se na casa de banho e não se lembra se adormeceu. Quando acordou estava calor e o avião vazio. Saiu e foi caminhando até encontrar o prédio onde morava a família, no 9º andar do prédio em S. Paulo. Subiu pelo corrimão e quando chegou junto da claraboia foi uma festa.

Manuel, 8 anos, Porto
Desafio nº 80 – o Natal da aranha


Tréguas

Teias há muitas!... dizia empertigada, a nédia aranha Felisberta ao mirrado ácaro Felismino.  Amizades improváveis são as que amiúde perduram, pois as incompatibilidades atraem, atiçam a conquista do terreno alheio.
Aqueles dois fizeram-se apresentados numa velha mansarda, pejada de trastes, embelecos doutras eras.
Num divertido jogo, Felismino, por aleivosia, concedia-se à aventura da prisão aramada da amiga, que na sua paciente crueldade aranhou ostentosa: Não hoje! Vou descer ao salão tecer brilhantes fios na Árvore de Natal!

Elisabeth Oliveira Janeiro, 70 anos, Lisboa
Desafio nº 80 – o Natal da aranha

27/12/14

Aranhida

Aranhida era gorda e esforçada. Sonhava com a primeira noite natalícia na companhia do seu amado Aranhudo Mais Que Tudo, desde que, em passeios atados de beijos sedosos, teceram conversas sobre a prenda ideal para os dois.
Fazia muito calor à meia-noite. A lareira crepitava sonoramente e o vento nem se mexia. Preparados há meses para receberem o Pai Natal na sua teia, foi em êxtase que o olharam, espantado, e lhe disseram: "bem-vindo à nossa ceia!"

Clara Lopes, 38 anos, Agualva, Sintra 

Desafio nº 80 – o Natal da aranha

A aranha Virgínia

A aranha Virgínia não sabe fazer teias. Neste Natal pediu ao Pai Natal que lhe desse uma máquina para a ensinar a fazer teias.
No Natal, o Pai Natal trouxe-lhe o que pediu. Logo começou a fazer a sua teia. Ficou bonita!
Mas, as aranhas são muito competitivas e decidiram fazer um concurso de melhor teia do ano tendo como júri o Pai Natal. A aranha Virgínia ganhou o concurso.
A partir daí foi ela a júri.

Adriana Carvalho Passos, 11 anos, Viana do Castelo

Desafio nº 80 – o Natal da aranha

26/12/14

Programa Rádio Sim 414 – 26 Dezembro 2014

OUVIR o programa! 

No site da Rádio Sim



Deixar de ser eu
êxtase em mim passa tão rápido, basta eu perceber quem sou. Afinal é tão fácil o sol desaparecer e trazer de volta o cheiro a humidade. Porque insisto em beijar quem nunca beijarei? A doar a chave do cacifo que é o meu coração? Coração que não pode aspirar a nada mais do que cacifo. De qualquer forma não aparecem interessados em que o cacifo deixe de ser cacifo, em que eu deixe de ser eu.

Salvador Fachada, 25 anos, Lisboa
Desafio RS nº 8 – juntar cacifo, cheiro a humidade e êxtase

25/12/14

Workshop de teias

Todas as aranhas do mundo festejam o Natal!
Este ano, a aranha Lasanha, que é gorda e peluda, não sabia construir uma teia e foi arrastando a sua tristeza até lhe surgir uma ideia: “vou tirar um workshop de teias!”. Na noite da ceia começou a construir a sua teia e enfeitou-a com luzinhas de Natal. Mesmo quando a aranha-Natal se ia embora viu a teia dela a piscar e deslocou-se até lá e entregou-lhe uma prenda.

Ana Miguel Castro, 11 anos, Viana do Castelo
Desafio nº 80 – o Natal da aranha

De volta ao (re)começo

Depois do fim,
O que resta?
A casa vazia,
A louça na pia,
A hora tardia,
É quase tudo que resta...

O cheiro impregnado
O livro encontrado
As dedicatórias
Cartões, miudezas
Tão parte da história
Tão tudo que resta...

Comidas, lugares,
Lembranças constantes
Por onde se passa
Em todo instante
Materialidades
Singularidades
Achados no armário
Vazios tão completos
De falta repleto
São necessidades...

Depois do fim
São restos que restam
E resta por fim

Um (só) recomeçar...

Roseane Ferreira, Estado do Amapá, Macapá, Extremo Norte do Brasil

Desafio nº 64 – texto começando por “Depois do fim…”

A Aranha

Era uma vez uma aranha
Elegante e bonitinha
Que fazia a sua teia
Lá num canto da cozinha.
O menino mais novinho
Era muito seu amigo,
Sempre a mimava
E lhe dava muito carinho.
Às escondidas, devagar,
Quando todos já dormiam
Ele foi buscar a aranha
Para lhe mostrar os presentes
E a árvore de Natal,
Com as luzes reluzentes.
Que lindo... disse a aranha,
Pulando de alegria...
E quando voltou para a teia
Imaginem: já era dia!

Leonor Costa, 73 anos, Lisboa

Desafio nº 80 – o Natal da aranha

Falta tua

... Eu te amo calado como quem ouve uma sinfonia de silêncio e de luz, nós somos medo e desejo somos feitos de silêncio e som, tem certas coisas que eu não sei dizer... (Certas Coisas - By Lulu Santos).


Dias passam tão silentes, horas seguem o rumo das sombras, e se acabrunham contorcidas, condoídas. Sinto na alma, na pele, o efeito da tristeza.  Posso ouvir o som da tua ausência. Se fecho os olhos, em silêncio, ouço o compassado derramar de lágrimas, em cada rua que passa, tua lembrança chega.
Ruídos de memórias embaçam o pensamento. Canção que solenemente vem, trazendo impresso na música, o que tua alma cantou para minha.
Pequenas doses de eternas saudades...

Roseane Ferreira, Estado do Amapá, Macapá, Extremo Norte do Brasil.
Desafio nº 52 – uma história com música, ruído e silêncio


23/12/14

Programa Rádio Sim 413 – 23 Dezembro 2014

OUVIR o programa! 

No site da Rádio Sim


A Leitura
Nada mais fácil do que ler não há. No primeiro ciclo ensinam-nos a ler e a escrever. É muito bom continuar a ler cada vez mais ao longo do tempo. Por isso, quero agradecer à escritora Margarida Fonseca Santos por ter decidido ser escritora. Sempre gostei de ler. Nunca li um dos seus livros, mas hei-de ler. Agradeço-lhe porque o meu passatempo preferido é ler. Estar com atenção à professora nas aulas, não há nada mais difícil.

Bruno Vicente, 11 anos, Escola de Santa Catarina da Serra, Leiria, prof Mafalda Delgado
Desafio RS nº 19 – começando em Nada mais fácil e terminando em Nada mais difícil

Aranha rainha

Das Aranhas sou rainha,
ninguém me consegue igualar
pois ninguém sabe bordar
teia mais bela que a minha...
Este ano pelas festas
a todos eu vou espantar
pois vou pôr tudo a brilhar
com luzes de pirilampos.
E as outras, as invejosas,
vão ficar todas furiosas....
Quando a criada chegar,
com o espanador de pó,
vai desfazê-las sem dó!
A mim, não me vai tocar,
porque estou a decorar
esta festa especial.
Hoje é noite de Natal!

Isabel Lopo, 68 anos, Lisboa

Desafio nº 80 – o Natal da aranha

Tecendo o Natal

Por ser enorme e ter menos uma perna, tecia teias diferentes, por isso a recriminavam e ela isolava-se.
Era véspera de Natal. Quando entrou na sala, sorrateira, para fazer a teia, estranhou. Não havia pinheiro iluminado, nem música, nem cheiro a consoada. Apenas viu Dalila que chorava o seu azar. Fábrica falida, desempregada, fartura só de desânimo.
Então, em vez da teia, com os mais finos fios de seda, Aracnídea teceu o vestido com que Dalila sonhara.

Ana Paula Oliveira, 54 anos, S. João da Madeira

Desafio nº 80 – o Natal da aranha

O sorriso da aranha

Todas as manhãs, Bernarda limpava o pó com o espanador e nem uma teia escapava...
Maria, a benjamim da casa, tinha uma aranha de estimação, que tecia uma
linda teia como se fosse renda. Pediu a Bernarda que não a destruísse. Esta, refilando, fez-lhe a vontade. «À noite, quando ela adormecer, volto...», pensou. Mas quando a hora chegou, Bernarda encheu-se de espanto. Toda enfeitada de luzinhas, a teia brilhava... No meio a aranha parecia sorrir. Era Natal!

Isabel Lopo, 68 anos, Lisboa

Desafio nº 80 – o Natal da aranha

22/12/14

Programa Rádio Sim 412 – 22 Dezembro 2014

OUVIR o programa! 

No site da Rádio Sim


A minha vida
Nasci no meio do mato, numa propriedade no Bié, onde os meus pais estavam havia um mês. Aos onze vim para Lisboa estudar durante cinco anos. Regressei a Angola em 1930, casei em 1935, enviuvei com 34. Fui para Luanda com o Afonso aos 40, enviuvei em 1978. Foi uma vida trabalhosa, com desgostos. Mas valeu a pena! Agora, São Pedro podia lembrar-se de mim… É que hoje faço 101 anos. Sou feliz, com tantos sobrinhos queridos.
Tia Nininha, 101 anos, Lisboa

Traje de Natal

Que chatice, tenho novamente que comprar o traje adequado para a festa de Natal. Isto parece fácil, mas sabem quanto custa comprar quatro pares de meias iguais, compridas, quase tipo collants? E os sapatos? Comprar dois já é difícil, dizem, quanto mais oito! Depois a depilação… sim, uma aranha que se preze faz a depilação… Já não basta ser rechonchudinha… e ainda peluda? Temos que estar preparadas para qualquer eventualidade, não vá o Deus das aranhas tecê-las.

Isabel Pinela Fortunato, 41 anos, Amadora
Desafio nº 80 – o Natal da aranha

O presente

Era uma vez uma aranha. Ara sentia-se detestada pelos insectos pois sabiam-na predadora.
Mas desconheciam as suas qualidades. E nesse Natal a menina aranha resolveu dar um presente de verdade: embelezou a sua teia com fios solares matizados de filigranas vegetais e grãozinhos de especiarias e beijou algumas gotas de orvalho para conseguir transformar a sua obra numa cama elástica. Depois, convocou os insectos para a ceia e ofereceu a sua prenda:
Que grande presente de Natal!

Ana Mafalda, 44 anos, Lisboa

Desafio nº 80 – o Natal da aranha

21/12/14

Um novo brilho

O povo andava triste e até a árvore de Natal da aldeia não tinha o brilho habitual. A aranha negra e peluda que a todos assustava teve uma ideia. Se melhor pensou, melhor o fez. Convocou todos os pirilampos para com ela iluminarem aquela noite especial. A aranha com a sua teia foi envolvendo a árvore em deslumbrantes fios de seda. Os pirilampos cobriram-na com as suas luzes cintilantes... O povo jamais esqueceu aquela noite de Natal.

Emília Simões, 63 anos, Mem-Matins (Algueirão)
Mais histórias aqui: http://ailime-sinais.blogspot.pt/
Desafio nº 80 – o Natal da aranha

A estrela roubada

Foram os mugidos dos bois no estábulo que preveniam os presentes. Um indivíduo ruim tinha roubado a estrela de Belém. Os pastores buscaram desesperados, mas não encontravam nem rasto.
Imagine, um presépio sem estrela!
O socorro veio duma aranha ágil que na luz dos candeeiros tecia em fios brilhantes um astro, magnificamente decorado com escaravelhos verdes e asinhas coloridas de libélulas. O menino na manjedoura olhava aprovando, e de gratidão premiava-a com uma cruz branca no abdómen.

Theo De Bakkere, 61 anos, Antuérpia Bélgica

Desafio nº 80 – o Natal da aranha

O maestro que cura

Zeloso. Aquecia a voz cavernosa no ensaio. Seria fabuloso o concerto de Natal. A antífona entoada, tal como o saudoso maestro a concebera. Já idoso ainda se dedicava de forma garbosa e generosa à criação artística. Cioso da sua arte será lembrado como um educador de homens. Bondoso no acolhimento, corajoso na entrega diária ao sanatório procurava a cura para os leprosos. Uma vida de entrega dolorosa por vezes, frutuosa quase sempre, ditosa na voz que perdura.

Alda Gonçalves, 47anos, Porto
Desafio RS nº 20 – 14 palavras acabadas em -oso, -osa


Um pedido importante

Jesus está quase a nascer. “Criar-se-á eternamente humano e menino, correndo atrás das raparigas com bilhas à cabeça, levantando-lhes as saias”, esse menino de Fernando Pessoa? Traquinas seja sempre, que levante as saias da corrupção e do cinismo para que se “fechem as outras riquezas, mas tenham fartas as mesas do ar que a vida nos dá” no dizer de Miguel Torga. Que esse ar alivie os que cada vez mais sofrem em silêncio digno e envergonhado.

Fernando Silva Fernandes, 69 anos, Lisboa          

Felizes para sempre?!

Penso em desistir de tudo, partir para bem longe.
Mas depois de dormir sobre o assunto desisto! Não sei porquê. As pessoas dizem que me acostumei a viver assim. Será?
Às vezes gostava que a vida fosse um filme onde tudo acaba bem.
Romântico? Nem pensar! Drama? Aventura? Bem, não sei que tipo de filme seria, mas sei que no final em vez do felizes para sempre diziam: e foram quase felizes num para sempre muito pequeno.

Carla Silva, 40 anos, Barbacena, Elvas

Desafio nº 79quase felizes, num sempre muito pequeno

20/12/14

Salva in extremis

Não se falava noutra coisa senão nos enfeites de Natal. Organizado pelos mais velhos, coube aos mais pequenos decorar a árvore.
– Aiiiiiiiiii! – gritou Ricardo Nuno, ao mesmo tempo que dava um pulo para trás quase derrubando a avó, que tentava pôr ordem no recinto.
– Uiiiiiiiiiii! – gritou a aranha, vendo-se ameaçada pela vassoura e adivinhando passar a consoada ao relento.
Foi salva in extremis pelo avô, que ordenou:
– Que ninguém se atreva a tocar-lhe. Aranha é dinheiro certo!

Quita Miguel, 55 anos, Cascais

Desafio nº 80 – o Natal da aranha

A aranha

istória sem igual
Numa noite de Natal
Uma aranha gorda
Ainda hoje me recorda
Povoou de muitas teias
Uma árvore de natal
Junto dos presentes e meias
Parecia uma rede
Juntinha à parede
Ficaram todos sem fome e sede
A aranha grande víbora
Pediu desculpa à senhora
Que com pena de a matar
A deitou logo fora
As crianças naquela casa
Das teias fizeram asas
E já madrugada
Começaram a voar
A árvore estava bonita assim enfeitada.

Maria Silvéria dos Mártires, 68 anos, Lisboa

Desafio nº 80 – o Natal da aranha

O Natal na teia

A Ranha queria a sua teia linda, limpa para o Natal. 
Corria de cá pra lá, carregava pirilampos para iluminar, flores para enfeitar, mosquinhas para agradar cada filhinho. Panetone, bolo, uma coxa de peru, carregados com muito esforço. Tudo ficando lindo! 
Mas uma tarefa faltava: a depilação de cada uma de suas longas pernas. Puxa, como isso era chato, mas queria ficar linda para o Sr. Aranildo. 
A festa foi linda! E tiveram todos um feliz Natal!

Chica, 66 anos Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil 

Desafio nº 80 – o Natal da aranha

Desafio nº 80

Desafio nº 80 – 20 de Dezembro de 2014

Vamos escrever uma história de Natal com uma personagem imposta…
Queria me contassem o Natal de uma aranha, daquelas bem grandes, pode ser?
J
Divirtam-se…

Enfeitar uma teia não era fácil. Primeiro, tornava-a visível, isso equivaleria a passar fome durante a época natalícia… Por isso, a aranha Baganha desistiu da ideia. Mas logo os companheiros de árvore a acusaram de boicotar o Natal. Que podia ela fazer?! De repente, uma ideia fantástica: uma segunda teia, mais pequena e muito enfeitada, surgiu logo ao lado. Mosquitos sem miolo caíram na esparrela, logo apanhados pela teia invisível. A aranha, gorda!, está agora em dieta…
Margarida Fonseca Santos, 54 anos, Lisboa
Desafio nº 80 – o Natal da aranha
EXEMPLOS

19/12/14

Programa Rádio Sim 411 – 19 Dezembro 2014

OUVIR o programa! 

No site da Rádio Sim



Histórias em 77 palavras
Meu blogue favorito
Eu escrevo, tu a terra lavras
Na terra espalhas a semente
Vai-se transformado em trigo
E depois em farinha
Para dar o pão bendito
É no campo que a andorinha
Vai debicando a palhinha
Com seu voar de rainha
Eu no blogue escrevo uma palavrinha
O blogue não quero deixar jamais
Eu me divirto demais
As palavras são setenta e sete
Vem escrever, fazer um brilharete
Pois o blogue promete.

Maria Silvéria dos Mártires, 68 anos, Lisboa
Desafio nº 77 – texto sobre o blogue

De Espanha para Portugal

É uma época de amor e alegria. Enfeitam-se as ruas e as casas.
É tempo para estar com a família e adorar o presépio. Tempo de dar e receber, de chocolates, de bolo-rei, azevias, rabanadas.
Ouvem-se canções de Natal, de esperança, de amor, de paz. Chegam as renas, os reis magos e as crianças rejubilam de alegria. É tão bom abrir os presentes.
Que compensação depois de um período de trabalho!
De Espanha para Portugal: Feliz Natal!


Alunos de Português – 10º ano, I.E.S Loustau-Valverde , Valencia de Alcántara, Cáceres, prof. Joana Marmelo

O vão do existir

Refém do passado,
Correntes se arrastam,
Escrava do medo...
O que se fizera do que fora?
E o que fora?
Algumas repostas, se é que existem, são trancafiadas no limbo da alma. Por essa razão, e por outras de certo, aquela figura arredia, entre assustada e assustadora, nada fala. Encerrou-se em silêncio quem sabe desde outras vidas. Tal como as vestes, e o apelido que ficou preso no arame farpado, foi feito da fala, do quase existir.

Roseane Ferreira, Estado do Amapá, Macapá, Extremo Norte do Brasil
Desafio nº 60 – apelido preso no arame farpado (frase obrigatória)


18/12/14

Programa Rádio Sim 410 – 18 Dezembro 2014

OUVIR o programa! 
No site da Rádio Sim



Coisas difíceis
Nada é mais fácil do que amar; difícil é encontrar quem.
Nada é mais fácil do que sorrir; difícil é encontrar motivo.
Nada é mais fácil do que ouvir; difícil é prestar atenção.
Nada é mais fácil do que ver; difícil é concentrar no pormenor.
Nada é mais fácil do que o sentir; o difícil é ter sensações.
O mundo quer: amor, sorrir, ouvir, ver, sentir...
A morte seduz-nos, vence-nos mansamente, adormece-nos e nada é mais difícil!

Arménia Madail, 58 anos, Celorico de Basto
Desafio RS nº 19 – começando em Nada mais fácil e terminando em Nada mais difícil

17/12/14

Programa Rádio Sim 409 – 17 Dezembro 2014

OUVIR o programa! 

No site da Rádio Sim



Coisas fáceis e difíceis
Nada mais fácil do que dar um pulo para ir dormir para a nossa cama, quando está quentinha. É tão fácil, se calhar, como escrever o nosso nome, uma vez que já o sabemos escrever de trás para a frente, sem contar a facilidade em abrir o estojo e tirar a caneta para começar as lições de português. Levantar da cama cedo, depois de um fim-de-semana, a fazer coisas fáceis, é que não há nada mais difícil.

Rodrigo Alves, 11 anos, Escola de Santa Catarina da Serra, Leiria, prof Mafalda Delgado
Desafio RS nº 19 – começando em Nada mais fácil e terminando em Nada mais difícil

Interpretações pictóricas

Paisagem  maravilhosa... De oiros e verdes preciosos, topázios caprichosos, esmeraldas esplendorosas, recrudescendo do húmus vigoroso, foi a pintura encaixilhada, que compunha a alva parede, o tema da aula daquele dia.
Intrigantes duplas flores, de impulso tropista, garbosasairosasbriosas, misteriosas, espraiando-se num fresco e vasto campo. Beleza a impor-se no seu espantoso revérbero! Aos assistentes cabia o mister penoso, mas não desgostoso, de as decifrar.
Curiosa, estudiosa, uma aluna acertou:  São os girassóis mutantes de Van Gogh!

Elisabeth Oliveira Janeiro, 70 anos, Lisboa

Desafio RS nº 20 – 14 palavras acabadas em -oso, -osa

Doce esquecimento

Sentiu-se tonta, talvez culpa do sol. Cabeça rodando, vista escura, ar rarefeito. Tombou bem a beira da estrada.
Foram-se os sentidos, corria perigo assim. Paulo, impulsionado tomou-a nos braços rapidamente. Parecia uma frágil boneca de louça. Tão lívida, era encantadora, delicada, bela. Depois daquele dia a vida mudara. E tudo graças à amnésia contínua. Juntos descobriram que podia dar certo. Unidos inevitavelmente, dois se tornara um.
Destino? Talvez...
Quem vai saber...
Alguns encontros inexplicáveis duram para sempre...

Roseane Ferreira, Estado do Amapá, Macapá, Extremo Norte do Brasil
Desafio nº 32 – 11 frases se 6 palavras + o que resta


Um esposo... fabuloso?

Daria um esposo fabuloso! Homem formoso, fogoso, generoso e, um tudo-nada, misterioso tinha tudo para deixar invejoso o mulherio que se esgadanhava para o prender, mas fora ela a feliz contemplada.
Foi num dia invernoso  (chuva dá sorte, dizia-se!), que Almira o levou ao altar, no seu vaporoso e dispendioso vestido de rendas.
Foi num dia ventoso  (quão nebuloso é o destino!) que deu com ele num indecoroso ato amoroso com o namorado da sua melhor amiga.

Ana Paula Oliveira, 54 anos, S. João da Madeira

Desafio RS nº 20 – 14 palavras acabadas em -oso, -osa

Memórias Minhas

Depois do fim da minha vida, nada vai mudar.
O sol continuará a nascer e os planetas continuarão a girar.
A água vai continuar a correr, a tecnologia continuará a mudar.
Vão apenas restar memórias… Memórias dos que se cruzaram comigo em algum momento das suas vidas.
Onde pudemos em conjunto rir… Ou até chorar.
Estar sérios ou até mesmo brincar.
É reconfortante saber que, depois do fim da minha vida, uma parte de mim irá permanecer viva.

Diogo Carvalho, 19 anos, Odivelas
Desafio nº 64 – texto começando por “Depois do fim…”