28/01/12

janeiro 2012 - pais

– Aaaahhh!!!!
– Então?!
– Cheguei à estação, perdi o comboio. Depois, vim apertadíssima. Quando saí, deixei cair a mala ao chão, tudo espalhado, um filme!!! Agora, esbarrei com a dona Gracinda, que me esteve a falar dos problemas dos filhos, sempre a queixar-se, sempre a lamuriar-se, que seca!!!
O marido, com um sorriso malandro, ouvia.
– O que foi?!
– Queixou-se muito, foi…?
Filipa deixou-se cair no sofá. E com uma voz mimada, disse:
– Não sou igual a ela, pois não…?
(texto: Margarida Fonseca Santos; ilustração: Francisca Torres) 

26/01/12

histórias recebidas - janeiro 2012 IV

 Diogo, dos Reguilas da Mata, de novo!!! (1º ciclo)

Cana de pesca mágica
No domingo, o Frederico foi pescar achigãs na barragem do Alqueva, com a família.
Quando foi lanchar encontrou uma cana de pesca perdida.  Esta murmurou:
- Olá! Queres pescar comigo?
- Quem falou?! - exclamou o Frederico.
- Eu, a cana de pesca.
- Boa! Contigo vou pescar uma tonelada de achigãs…
- Só?! Eu sou capaz de pescar duas toneladas.
- A sério! Vamos lá ver isso…
Não é que conseguiram mesmo!
Frederico, dos Reguilas!!!

Será que estou louco?
– O quê? O cano falou?
– Sim falei, algum problema?
   Jacinto beliscou-se pela segunda vez. Seria mesmo verdade?
– Não te magoes. Arranja-me!
– Será que estou louco? - perguntou-se Jacinto.
    O cano furioso, já sem paciência, disse a Jacinto que tinham de fazer um acordo.
– Está bem. Mas o quê?
– Tu tentas substituir-me e eu fico teu amigo!
– Mas para que é que eu quero um amigo que é resmungão e mandão?
– Juro! Se ficarmos amigos vou ser super-simpático!
 Catarina Colaço, 11 anos, Ext. Marista de Lisboa


– Mãe, estão ali duas pretas – disse Bia, menina perspicaz de quatro anos, quando entrava no infantário.
– E estão aqui duas brancas – respondeu a mãe.
E foi assim que começou uma colorida lição sobre cores que iluminam o mundo. Diferenças de pele, corações iguais, iguais sorrisos rasgados, iguais gestos de amor.
E foi assim que, um mês depois, Bia desembrulhou a prenda de Natal e abraçou o simpático boneco negro, tão risonho, vestido com o arco-íris.
 Ana Paula Oliveira – 51 anos, S. João da Madeira

20/01/12

janeiro 2012 - histórias recebidas III

Numa aldeia vivia uma rapariga, chamava-se Madalena e passava os tempos livres a escrever poesia.
Quando chegaram à escola, a professora perguntou que profissão queriam ter, todos diziam  que queriam ser futebolistas, bailarinas, veterinários, mas quando chegava a vez da Madalena a turma ria-se porque ela queria ser escritora. A professora, vendo aquela algazarra, pediu à Madalena para ler, a turma ficou espantada com o seu talento e no dia seguinte pediam-lhe para ler e ensinar-lhes poesia.
Catarina Luís, 12 anos, Escola Básica da Venda do Pinheiro

– Como se inventa uma estória?
– Primeiro a ideia germina na célula mais pequenina do cérebro. Cresce, desce pela nuca e quando chega ao pescoço vira à direita escorregando pelo braço. No cotovelo tem que se encolher que o espaço é apertado. Quando chega ao pulso respira fundo e sorri feliz, está pronta a sair pelos dedos.
– Mas como fazes, afinal?
– Acho que as ideias andam no ar à procura de uma cabeça. Às vezes escolhem a minha.
Quita Miguel, 52 anos, Cascais

João e Toni encontraram-se no Nosso Café para a habitual tertúlia. João julgava-se erudito. Toni era um sábio humilde. Quando dialogavam sobre a essência de cada um, Toni afirmou: João, és um altruísta! O interlocutor registou como metalinguagem: egoísta! João remoeu o “vitupério”. Toni tinha cancro no pâncreas. João distanciou-se… Toni faleceu. Tempos depois, relembrando-se do amigo, João sentiu-se impelido a procurar no dicionário a “ofensiva”. Diante da ignorância e mau proceder, chorou, pediu perdão. Grande lição!
Elvira Camarinha, Braga, 45 anos

Calça azul apertada, blusa branca, lenço amarelo ao pescoço, ténis roxos, sorriso aberto, cabelo loiro despenteado, olhos verdes em cara morena, todo o autocarro olha para ela, a correr para a paragem, ofegante. Cheia e mal fechada, a mochila azul no braço chocalha e reclama com os seus passos acelerados e sacudidos. Salta, entra, mostra o passe, o “laranja” anda, trava, oscila, ela desequilibra-se, a mochila cai ao chão, abre-se e numa algazarra, esparramam-se as 77 palavras!
João Paulo Chora, 52 anos, Estoril

O Simão tinha 10 anos e umas orelhas enormes. Os amigos provocavam-no por causa disso. Os inimigos gozavam com ele pelo mesmo motivo. Mas a Francisca adorava contar-lhe segredos, segredos que eram reservados apenas àquelas orelhas, as únicas sempre disponíveis para a escutar, para a entender.
O Simão tinha umas orelhas enormes, mas a Francisca gostava dele assim e, com o tempo, ele também aprendeu a gostar…
E a opinião dos outros? Bem, isso nunca mais interessou!
Rita Vilela, 46 anos, Paço d'Arcos

12/01/12

janeiro - histórias recebidas II


Ano Novo 2012
Dizem que em 2012
o mundo vai acabar
mas isso são só  “tretas”
para quem não tem que falar.
Falta pouco para o ano novo
faz-se a contagem decrescente
eu queria ver toda a gente contente.
É uma noite de
festa e desejos
pedidos e alegrias
promessas e esperanças,
para melhorar o mundo
de todas as crianças.
Que no nosso planeta
entre as pessoas e todos os povos
haja igualdade,
muita paz e felicidade.
Inês Figueira – 6º C, EB23 António Bento Franco – Ericeira

Absorta nos seus pensamentos, Isabel regressa da escola no autocarro apinhado, colada aos outros passageiros. Com toda uma vida à sua frente, não se importa com o futuro, ainda tão distante. O mundo não é perfeito e Isabel sabe-o. Para quê estragar a sua juventude com pensamentos cinzentos? Desliga-se do mundo e liga-se à música que irrompe, ouvidos adentro, via iphone. E a música fá-la planar e fantasiar, esquecer e não sofrer, enfrentar a loucura da vida.
+
A cidade é ruidosa, desumana. Homens e mulheres ruidosos e desumanos atravessam-na mecanicamente como fantoches manipulados por forças ocultas. Abrigada no seu quarto branco, ela sonha com um mundo melhor. E isso só o conseguirá com poesia. Sai, silenciosamente. Sem falar mas com um sorriso eloquente nos olhos, distribui papéis coloridos ao seu redor: nas árvores, nos para-brisas, nas caixas de correio… E os pequenos poemas levam àquela gente a cor, o saber, o sabor da alegria.

Ana Paula Oliveira, 51 anos, S. João da Madeira

Aos dez anos tive um sonho, mas sem me dar conta, virei-lhe as costas e bati com a porta.
Aos vinte, ele voltou a ecoar, olhei-o nos olhos, mas pensei que tinha tempo e muitas coisas para viver.
Aos trinta, ele chegou de mansinho e assustou-me. Achei-o maior que eu e por medo encerrei-o num baú.
Aos quarenta, apercebi-me que tinha um sonho pelo qual valia a pena lutar.
Hoje, aos cinquenta, vivo para concretizar um sonho.
Quita Miguel – 52 anos, Cascais



11/01/12

Os Reguilas e o Frik!

 Os Reguilas da Mata (1º ciclo), do agrupamento de escolas de Estremoz, fizeram a continuação da história "O Meu Primeiro Natal", da colecção Histórias do Frik (Presença). Aqui estão elas, sempre em 77 palavras! E com desenho...

Frik e o boneco de neve
O Frik estava a brincar com o Pedro e teve uma intensa vontade de fazer xixi.         Correu para a porta, calçou as suas botinhas, saltou lá para fora e foi a correr fazer xixi.
Quando ia para casa esbarrou contra um boneco de neve.
O boneco disse-lhe que sabia onde morava o Pai Natal.
O Frik perguntou-lhe:
     - O que é isso?
     Ele respondeu-lhe:
- É o velhinho que entrega prendas!
Beatriz
                                                       
Frik ganha um novo amigo
Frik estava triste, além de ter Pedro e João como amigos, Frik queria mais um. Então pôs-se à procura de um amigo. E disse:
- Bah! Quem é que quer um boneco de neve como amigo?
Depois de muito procurar encontrou dois cães e uma boca de incêndio.
A boca de incêndio não falava e os cães eram finos.
Por isso, voltou para o boneco de neve, que era um excelente amigo.
 Diogo

Frik
O Frik tinha que fazer chichi, então ele foi lá fora!
Estava escuro e não se via nada.
O Frik ao olhar para o boneco de neve pensou que era um
ladrão.
Ao cheirar o boneco de neve cai um chapéu, duas pedrinhas e uma  cenoura e o Frik continuou a cheirar, até que as três pedras, a fazer de
botões, caíram na cabeça do Frik.
- Oh, não! Coitado! Não queria estar no lugar dele!
Sofia



02/01/12

janeiro - histórias recebidas I


 77 de cada coisa
 
A bisavó Dores podia ter 77 anos, mas não tem.
Podia ter 77 palavras difíceis para ensinar ou 77 receitas para levedar água na boca, mas não tem.
Podia ter 77 balões cheios de ar-felicidade para ir a algum lugar ou 77 sorrisos-xxl para vestir, mas não tem.
Podia ter 77 carinhos para afagar ou 77 beijinhos para abraçar, mas não tem.
Porque a bisavó Dores tem mais.
Tem tudo isso, mas muito, muito mais...
Carolina Gaspar – 27 anos, Amadora 



-Conta outra vez, mãe!
A aventura do menino grão de milho era lida e relida, ao ritmo do cansaço de um dia de trabalho. A pequenita de dois anos, olhinhos atentos, seguia a corrida das letras, num livro que já sentia a fadiga de tantas viagens.
Até que um dia…
-Olha mãe, já sei ler.
Seguindo o texto com o dedito rechonchudo, vai “lendo” a história, palavra por palavra, página por página.
O “prodígio” animou o cansaço…
+
Hora do banho. Os dois irmãos mergulharam na água quentinha e enquanto aguardavam a mãe, nadavam, nadavam como se a imensidão do Oceano Atlântico ali coubesse, inteirinho! As ondas iam e vinham alterosas e espraiavam-se… no chão da casa de banho!
De repente, ouviram a mãe gritar da cozinha:
-João, vai dar banho aos teus filhos. Tenho o jantar atrasado.
Do fundo do oceano, ouviu-se uma vozinha aflita:
-Mano, estamos tramados! Hoje vamos ter banho à “paisana”!

 Paula Agualusa , 57 anos e sou de Ílhavo

Com a dona caminhava ao longo da linha. Ela sabia a hora do comboio,
por isso ficou muito espantado quando ouviu aquele barulho seguido de
um movimento aéreo e brusco. Estava escuro e as narinas não
reconheciam aquele cheiro. Recuou ao senti-la voar, correu atrás dela
e pôs as patas no ar, no nada. Ela voara bem mais alto da sua força
imensa de animal noturno, conhecedora dos campos, normalmente
solitários, aquela hora. Que dona era aquela?

Rosário Oliveira, Colégio Dinis de Melo

“Um ouriço-cacheiro chamado Natal”
Era uma vez uma menina que encontrou um ouriço-cacheiro.
- Olá chamo-me Natal.
- Como é que consegues falar? – Perguntou a menina.
- Isso não importa.
- Estás perdido?
- Não, estou aqui para te ajudar a acreditar no menino Jesus.
- Mas eu acredito.
- Então prova-o.
No Natal distribuiu roupa que já não usava pelos meninos mais carenciados da sua rua e fez um teatro sobre o Natal, para provar que acreditava no menino Jesus.
Márcia Matias, sou do 6ºC da escola E.B.2/3 António Bento Franco, na Ericeira 


Era a primeira noite de Natal em casa dos meus donos. Sentia-me nervoso com toda aquela azáfama e alegria contagiantes.
Eis chegada a hora por que todos esperavam ansiosamente, as doze badaladas não se deixaram atrasar pela neve que dançava em redor dos pinheiros aperaltados para o momento.
Um embrulho para mim?! O rafeiro que até há duas semanas farejava a lixeira à procura de algo comestível! Um osso enorme surgiu diante dos meus olhos. Sorri calorosamente!

Anabela Soares, 40 anos, Maceda – Ovar 


Ele era enorme, peludo, estava desejoso de provar o mel, e avançava calmo e decidido naquela direcção.

Do ar, uma abelha vigiava os seus passos… na esperança de o conseguir impedir.

Usando uma dança que só as abelhas sabem fazer, avisou as companheiras de que a colmeia estava em perigo. E elas foram chamar o Homem… que afugentou o urso… mas, no final, lhes levou o mel.

Moral da História: Quem confia no Homem, perde o mel!
Rita Vilela, Paço d'Arcos 

"Aos dez anos tive um sonho, mas sem me dar conta, virei-lhe as costas e bati com a porta.
Aos vinte, ele voltou a ecoar, olhei-o nos olhos, mas pensei que tinha tempo e muitas coisas para viver.
Aos trinta, ele chegou de mansinho e assustou-me. Achei-o maior que eu e por medo encerrei-o num baú.
Aos quarenta, apercebi-me que tinha um sonho pelo qual valia a pena lutar.
Hoje, aos cinquenta, vivo para concretizar um sonho."
Quita Miguel, 52 anos, Cascais